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TESTE: BYD Tan

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O BYD Tan foi o primeiro veículo de passeio lançado pela marca no Brasil, e para este ano recebeu algumas modificações, o que inclui um discreto facelift, suspensão revista, novidades tecnológicas e bateria de maior capacidade. O SUV elétrico de sete lugares é o modelo topo de linha da marca no mercado brasileiro e o carro chinês mais caro à venda por aqui: R$ 536.800. O nome é uma referência à dinastia Tang (618 a 907 DC) e foi alterado para Tan no Brasil por razões comerciais (para não ser associado ao pó para refresco homônimo). Desde a estreia na China em 2015, recebeu versões híbridas e elétricas, sendo esta a quarta atualização do modelo em nove anos.BYD Tan 2024 - (BR) (46) - perfil

por Ricardo Caruso

Visualmente, o Tan teve mudanças nos para-choques dianteiro e traseiro, melhor desenhados e mais aerodinâmicos. A “grade” frontal é fechada, toda nova, e com desenho mais alinhada com os demais elétricos da marca; faróis full LED e lanternas com leds também foram mudados. O visual é realmente bonito e imponente, um dos maiores SUVs elétricos do mercado. Tem 4,97 metros de comprimento, 1,96 m de largura e 1,75 m de altura. O porta-malas tem 235 litros de capacidade (com sete lugares) e 600 litros (com cinco lugares).

Por conta dos novos para-choques, o SUV atual é cerca de 10 centímetros mais longo que o anterior. A bitola dianteira é de 1650 mm e a traseira de 1630 mm. O ângulo de entrada é de 22 graus e o de saída, de 20 graus; o vão livre do solo é de 150 mm. As rodas de liga-leve são novas, aro 22 (o anterior usava rodas de 21 polegadas) bem calçadas com pneus 265/40. BYD Tan 2024 - (BR) (32) - terceira fileira

O alvo do BYD Tan são os SUVS eletrificados da Porsche, Audi e Mercedes-Benz, entre outros. E não fica devendo nada a eles. A percepção de que se trata de um modelo premium é clara em todos os sentidos. No interior, acabamento primoroso, com a aplicação de materiais de excelente qualidade, painel de instrumentos com nova configuração e exibição do sistema GPS, central central multimídia com tela giratória de 15,6 polegadas e novo sistema operacional, que foi atualizado e agora é compatível com Android Auto e Apple Car Play. O sistema de áudio é excelente, Dynaudio Performance, com 775 watts e 12 alto-falantes espalhados pelo interior.

Entre outros mimos, o SUV elétrico conta com sete airbags, freios a disco Brembo ventilados nas quatro rodas, câmera de 360° e 15 sensores, câmeras e radares para o sistema ADAS, que inclui alerta de tráfego cruzado na traseira, aviso de pontos-cegos (motoboys?), permanência em faixa, frenagem automática de emergência, Head Up Display (HUD) e troca de faixa, entre outros.BYD Tan 2024 - (BR) (7)

Para ter argumentos contra os SUVs europeus, a BYD melhorou ainda mais o isolamento acústico. Nunca foi ruim nesse aspecto, mas agora está realmente um degrau acima. O porte permite espaço interno muito bom; na traseiro oferece aos ocupantes controles do ar-condicionado, regulagem longitudinal do bancos e teto panorâmico, entre outros. 

Para levar para lá e para cá o enorme SUV, a BYD não alterou a receita anterior. O powertrain usa dois motores (dianteiro de 245 cv e traseiro de 272 cv) totalizando 517 cv de potência máxima combinada (relação peso/potência de 5,09 kg/cv). Se a potência se manteve, o torque máximo subiu um pouco, para excelentes 71,3 mkgf (35,7 mkgf por motor), relação peso/torque de 36,83 kg/cv. Na prática, as acelerações e retomadas de velocidade continuam muito boas. Em nossa avaliação, a aceleração de zero a 100 km/h foi feita em 5 segundos, e a velocidade máxima foi de 190 km/h.

Por causa da nova bateria LFP Blade, que foi de 86,4 kWh para 108,8 kWh de capacidade, o peso aumentou de 2.489 kg para 2.630 kg, mas por outro lado a autonomia foi de 309 km para 430 km. Na prática, o consumo médio foi de 4,25 km/kWh, aceitável diante do peso e potência do modelo. A potência da recarga em AC, que antes era de apenas 7 kW, passou para 11 kW, condizente com os SUVs elétricos de mesmo porte. Em DC, a potência foi de 110 kW para 170 kW, o que significa carregamentos bem mais rápidos. BYD Tan 2024 - (BR) (28)

Se o ambiente e o powertrain interno ficaram ainda melhores, ao rodar com o Tan tivemos outras boas impressões. É impressionante como os chineses são rápidos em criar e lançar carros, e também em aplicar mudanças. No caso do Tan, é notável a evolução da parte dinâmica. O trabalho na suspensão (McPherson na frente e multi-braços atrás) deixou o SUV mais forme e com menos rolling (inclinação) da carroceria em curvas, com ótimo equilíbrio entre conforto e segurança.

Tudo por conta da nova suspensão semi-ativa, a DiSus-C, com opção de ajuste eletrônico dos amortecedores, criação da própria BYD. A direção tem assistência elétrica e diâmetro de giro de 11,8 m, também bem calibrada. Tudo necessário para manter sob controle os 517 cv de potência, inclusive o sofisticado sistema de freio. O câmbio é automático, de uma velocidade, e a tração integral.

CONCLUSÃO

O primeiro produto da BYD no mercado brasileiro não só mostrou boa evolução, como causou ótima impressão durante nossa avaliação e comprovou o que a marca prometeu ao se instalar por aqui. O investimento é alto no Brasil, a rede de concessionárias cresce a cada dia e o marketing é até agressivo. O único senão é o preço, que coloca o Tan longe do bolso da maioria dos brasileiros, sem contar que é difícil convencer os interessados a gastar mais de meio milhão de reais em um modelo de uma marca ainda nova e apenas elétrico. Qualidades ele tem de sobra, mas o marketing da empresa precisa trabalhar também a imagem da marca, e não apenas focalizar de maneira alucinada em vendas.

O BYD Tan representa bem sua função de ser o topo de linha da marca chinesa, ainda mais nesta versão atualizada. O SUV se destaca pelo desempenho, dirigibilidade, conforto e alto nível de acabamento, mais a possibilidade de sete lugares. No seu segmento, não existem muitas opções de SUVs elétricos. O modelo não decepciona em nada e briga em igualdade de condições (e em alguns quesitos até supera) com seus concorrentes. Uma boa surpresa e a possibilidade de conhecer o que os chineses podem fazer em segmentos de alto luxo.


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