TESTE: Citroën C3 Live Pack 1.0
No final do ano passado, a Citroën apresentou a nova geração do C3 , um modelo desenvolvido na Índia também para o mercado sul-americano, completamente diferente da fornada anterior, que era a segunda geração do veículo. De comum restou apenas o nome do modelo e o motor 1.6 EC5 flex em algumas versões: o C3 foi submetido a uma reformulação total -desde o desenho até acabamento- como parte da expansão internacional da marca.
por Marcos Cesar Silva
AUTO&TÉCNICA avaliou o novo Citrën C3, hatch compacto, na versão Live Pack 1.0, a segunda mais barata. O modelo disputa mercado com os carros mais baratos à venda no Brasil, em especial se posicionando entre Fiat Mobi Trekking e Renault Kwid Intense. O carro testado custa R$ 83.390 e não tem opcionais; abaixo dele apenas o Live 1.0, que custa R$ 74.990 e tem como opcional só o friso protetor lateral, por R$ 900.
Na dianteira bem desenhada, a identidade visual característica dos Citröen está presente, com dois frisos horizontais na cor prata, incorporando o símbolo da marca. Nas extremidades, lanternas com DRL e, abaixo delas, os faróis principais; não usa led, e sim lâmpadas convencionais. Na traseira, um belo conjunto de lanternas -também sem leds- em formato de “C”, de Citroën. E nas laterais, repetidores dos piscas são incorporados aos retrovisores, que são na cor preta, e não na cor do veículo, como acontece com as maçanetas. E nada de rodas de liga-leve. Este C3 traz rodas de aço com calotas plásticas.
Como vimos, o novo C3 hatch nasceu de um projeto indiano, mas teve diversas modificações estruturais para o Brasil, oferecendo assim mais segurança e melhor aproveitamento do espaço interno. O C3 apresenta ótimas medidas para a categoria onde atua, a dos compactos. Tem 3,98 metros de comprimento, 1,73 m de largura , 1,58 m de altura e distância entre-eixos de 2,54 m. Destaque para o bom porta-malas, de 315 litros , que é o mais espaçoso do segmento; há um gancho no lado direito, que facilita a fixação de pequenos volumes.
Na traseira, bom espaço para quatro ocupantes (o que vai no meio sempre sofre um pouco mais, em qualquer carro). Isso por conta das mudanças promovidas pela Citroën para o mercado brasileiro nos encostos dos bancos dianteiros. Por outro lado, não há na traseira porta-objetos ou alças, pequenos detalhes que poderiam melhorar a praticidade e conforto ali.
Na frente, encontrar a melhor posição para dirigir exige um pouco mais de trabalho, mas nada que comprometa. Como a marca modificou os bancos dianteiros para conseguir mais espaço atrás e não ha ajuste de volante (em altura ou distância), é preciso ajustar a posição do banco à do volante, o que não é tão difícil assim.
Posição ideal de dirigir encontrada, é hora de focalizar no interior. O acabamento, como é normal, abusa dos plásticos, mas todos bem cuidados, sem sinal de economias desnecessárias. Afinal, mesmo com esse preço, é um dos carros baratos do mercado. Nada de material macio ao toque, nem mesmo nos apoios de braço das portas. Mas em nenhum momento traz sinais de pobreza em níveis bíblicos.
Segundo a Citroën, este C3 é um “hatch com alma e atitude de SUV” . É um pouco exagerado, mas a ideia reflete um pouco do veículo. A ampla e boa visibilidade para motorista e ocupantes, mais posição de dirigir elevada, até induzem a isso. A sua altura em relação ao solo é boa para enfrentar lombadas e valetas, de 180 mm.
O volante tem boa pega e diâmetro, e oferece controle de volume, atendimento de chamadas e seleção de estações de rádio. A direção merece elogios, com sua assistência elétrica progressiva, sempre com peso correto em velocidades mais altas ou em manobras.
O painel de instrumentos é bem simples, mas digital, com tela pequena que não inclui conta-giros e traz apenas velocímetro, nível de combustível e temperatura da água, mais luzes de aviso e autonomia. Uma ajuda útil é a indicação no canto superior esquerdo, que sugere quando é necessário trocar a marcha.
A atração no interior do C3, é a generosa tela central do multimídia, de 10,25 polegadas. Esse é um dos bons motivos para se optar pela versão Live Pack 1.0 ao invés vez da Live 1.0 (diferença de R$ 8.400). Trata-se de um multimídia aparentemente simples, mas suficiente e fácil de operar. As funções são as necessárias para o dia-a-dia, incluindo áudio e configuração de som, conexão sem fio para Apple CarPlay e Android Auto e telefone. Falta a câmera de ré e/ou sensores de estacionamento.
A Citroën, no C3 Live Pack, usa o conhecido e excelente motor 1.0 Firefly aspirado da Stellantis, presente nos seus carros desde 2016 . Este motor tem 71/75 cv de potência máxima, com gasolina ou etanol respectivamente, ambos a 6.000 rpm. É mais potente que os usados em seus concorrentes diretos, Fiat Mobi e Renault Kwid. Além disso, o motor oferece ótimo torque, com 10 ou 10,7 mkgf (gasolina/etanol), ambos a 3.250 rpm. O câmbio é manual de cinco velocidades, o mesmo aplicado no Peugeot 208 1.0.
Com isso, o C3 é bem ágil no trânsito urbano e nas acelerações, oferecimento do bom torque disponível. O rendimento do 1.0 é bastante satisfatório. Nas estradas, também anda bem, dentro do que espera de um motor 1.0, e a velocidade máxima é de 160 km/h. A aceleração de zero a 100 km/h foi cerca de 14 segundos, sempre com boas retomada. Tudo dentro do que se espera do compromisso do C3 1.0, afinal ninguém busca um veículo dessas características esperando desempenho emocionante. Assim os números de consumo passam a ser mais importantes: o Inmetro divulgou que o hatch chega a 13,2 km/l/9,5 km/l (G/E) na cidade e 13,2 km/l/14,5 km/l (G/E) na estrada.
Se com motor e direção tudo está correto, as suspensões e freios (disco ventilado na frente e tambor atras) não deixam por menos. O C3 oferece a experiência ao volante muito agradável, devido também à suspensão bem calibrada, que é macia quando precisa e garante boa estabilidade quando a situação exige. Como a maioria dos carros da categoria, o Citroën C3 usa sistema McPherson na frente e eixo de torção atrás. Ajuda nisso os pneus 195/65 (calçando rodas aro 15).
CONCLUSÃO
Trata-se de um carro popular da nova era, onde basicamente não falta nada: ar condicionado, direção assistida, multimídia, vidros elétricos… O Citroën C3 Live Pack se destaca como a melhor opção diante de seus concorrentes diretos, oferecendo excelente custo/benefício pelo que traz. O ponto mais negativo é o preço, mas qual carro brasileiro tem preço realmente justo? Custando R$ 83.390, é um valor elevado, mas dentro do que o mercado cobra. Os R$ 8.400 a mais que custa em relação à versão de entrada, apenas pela chave com controle remoto e multimídia, parecem exagerados.
Por outro lado, quem procura um carro novo, com bom espaço interno, bom conjunto mecânico e econômico, vai se encantar pelo C3 Live Pack, que nesse caso pode ser uma excelente escolha. Realmente, apenas o preço desagrada, mas como já dissemos antes, está dentro da realidade de nosso mercado.