TESTE: Fiat Argo Drive 1.0
O Fiat Argo é o hatch da Fiat que foi lançado no Brasil no dia 31 de maio de 2017 para substituir de uma só tacada o Punto, Bravo e o Palio. Aqui vai nossa tradicional dose de cultura inútil: para quem ainda não sabe, o nome remete à mitologia grega, onde Jasão e os Argonautas viajavam a bordo da nau Argo, construída pelo semideus Argos, sob orientação da deusa Atena. Depois de cumprida sua missão, Argo foi consagrado à Poseidon e se transformou na Constelação de Argo.
por Ricardo Caruso

Voltando ao Fiat Argo, o hatch premium é uma das estrelas da Fiat e ajuda a marca a ser a que mais vendeu carros no Brasil no primeiro semestre deste ano. Com sete anos de mercado, o Argo vive um momento difícil, enfrentando a concorrência interna do Pulse, que chama atenção pelo seu jeitão de SUV. No lançamento em 2017, ele chegou com oito configurações, três motores e três câmbios. Mas com o passar dos anos e a movimentação do mercado, perdeu versões pelo caminho. Hoje é vendido em três versões: 1.0 (R$80.990), Drive 1.0 (R$ 84.990) e Drive 1.3 CVT (R$ 94.390); Trekking 1.3 (R$ 92.990) e Trekking 1.3 CVT (R$ 97.990).

AUTO&TÉCNICA avaliou a versão Drive 1.0, já que o Argo 1.0 é voltado mais para frotistas e, assim, a Drive 1.0 acaba sendo a de entrada para o consumidor particular. Será que, depois de sete anos, ainda é uma boa opção? Confira.

Foi na linha 2023 que o Fiat Argo recebeu pequenas mudanças de estilo, as primeiras desde seu lançamento. Ganhou uma nova grade, teve o logotipo “Fiat” atualizado e trouxe mudanças de estilo bem sutis. O destaque fica para a grade dianteira, que foi bastante mudada e que adota o logotipo por extenso da Fiat e a bandeirinha estilizada da Itália. O para-choque foi redesenhado e perdeu as entradas de ar próximas das rodas, que ficavam nas extremidades dos para-choques. Nesta versão Drive 1.0, as rodas são de aço, pretas, de 15 polegadas com calotas plásticas e pneus 185/60 de baixa resistência à rolagem. Na traseira, nenhuma mudança, afinal o desenho é bastante harmonioso por ali; em geral, as marcas priorizam modificar a “cara” dos carros, mantendo a traseira por mais tempo sem mudanças.

Internamente, as características já famosas do Argo continuam bem claras, como a posição de dirigir mais elevada, o generoso espaço interno, conforto na traseiro e boa ergonomia. Mesmo com 2,52 metros de distância entre-eixos, que não é a maior da categoria, é fácil observar que o projeto dele privilegiou o espaço interno desde o início dos desenhos.



No interior, a novidade foi o volante, o mesmo do Pulse, com o botão de buzina mais quadrado e com o novo logo “Fiat” por extenso. De resto, o bom acabamento, dentro da proposta do carro para a sua categoria, com diversos materiais combinados, texturas e detalhes que valorizam o ambiente e conforto. O interior é preto, o que para o brasileiro representa esportividade, sabe-se lá porquê. Interessante é que o modelo não mostra já ter sete anos de mercado, pois está bastante atualizado e agradável.

Sob o capô do Argo Drive encontramos o excelente motor de três cilindros em linha, o 1.0 Firefly, de seis válvulas, com 71/75 cv (gasolina/etanol) de potência máxima a 6.000 rpm e 10/10,7 mkgf (g/e) de torque máximo a 3.250 rpm. Este motor estreou na marca em 2017 no bem resolvido Fiat Uno e ainda agrada sete anos depois, em 2024; tão bom que a Stellantis o aplica em vários compactos do Grupo, incluindo Peugeot 208 e Citroën C3, entre outros.

Seu uso no Argo garante bom desempenho e bom nível de consumo. Em termos de desempenho, com etanol, a aceleração de zero a 100 km/h foi feita em 15,1 segundos e de zero a 80 km/h em 10 segundos. Nada excepcional, mas não se trata de um esportivo, e sim de um hatch 1.0, o que deve ser lembrado nas ultrapassagens mais espremidas. No quesito consumo, o Argo fez 9,3 km/litro de etanol, e na estrada chegou a 12,6 km/litro. Os números de consumo fornecidos pelo Inmetro são de 9,8 km/l (urbano) e 11 km/l (estrada), com etanol.

Ao volante, o hatch é bastante agradável de dirigir. Tem direção elétrica bem leve em manobras e baixas velocidades e com aumento de peso progressivo; no carro testado e embreagem se mostrou macia, mas com regulagem alta do pedal, mas isso é questão de se acostumar. O volante não tem ajuste de distância, só de inclinação, mas é fácil encontrar a melhor posição de dirigir. Quem lembra dos embates com a alavanca de câmbio dos Fiat 147 ainda vai se espantar sobre o quanto a Fiat evoluiu nesse ponto. O câmbio manual tem engates suaves e precisos, mas com curso da alavanca um pouco longo.
Um ponto interessante é o correto isolamento acústico. A dirigibilidade do Argo é seu maior destaque, com a suspensão bem calibrada, estabilidade impecável e boa altura do solo, suficiente para enfrentar sem maiores dramas as valetas e lombadas que encontramos pelo caminho. A equação segurança/conforto está bem resolvida e garante até mesmo alguns exageros em curvas.



Não se nota falta de potência no motor 1.0, com torque suficiente em rotações mais baixas, sempre lembrando que se trata de um 1.0 aspirado. Mérito do motor três cilindros com seu torque máximo de 10,7 mkgf a 3.250 rpm; a 90 km/h em quinta marcha o motor está a 3.000 rpm, o que deixa claro a relação final de transmissão um pouco mais curta para garantir agilidade e boas retomadas.

No seu lançamento, o Argo Drive 1.0 custava pouco mais de R$ 46 mil. Pós pandemia, crises e reajustes, o preço praticamente dobrou, chegando hoje a R$ 84.990. Naquela época estava entre as melhores opções de custo/benefício, mas o mundo mudou. E os preços dos automóveis também. Traz itens e mimos como -além de todos os equipamentos da 1.0- banco do motorista com regulagem de altura; banco do passageiro com bolsa porta-mapas no encosto; central multimídia Uconnect de sete polegadas touchscreen com Android Auto e Apple Carplay, Bluetooth, duas tomadas USB e sistema de reconhecimento de voz; volante com comandos de rádio e telefone; iluminação do porta-luvas; iluminação do porta-malas; luz de leitura dianteira; maçanetas e retrovisores externos na cor do veículo e iTPMS (monitoramento de pressão dos pneus), entre outros.

O Drive 1.0 conta com o kit de opcionais “Pack Safety”, que inclui ESC (Controle Eletrônico de Estabilidade), Hill Holder (sistema ativo do freio com controle eletrônico que auxilia nas arrancadas do veículo em subida) e TC (Controle de Tração), por R$ 1980 adicionais. O Argo tem apenas os dois obrigatórios airbags frontais, enquanto concorrentes no mercado já contam com até seis. E o friso nas laterais das portas com o nome “Argo” cromado é um acessório, e custa R$ 350.

Conclusão: o Argo Drive 1.0 2024 segue como uma boa opção para quem busca um carro de, no máximo, R$ 90 mil. É um hatch compacto interessante, com bom espaço interno, excelente acabamento e desempenho, e consumo dentro do que se espera na categoria. Ainda é um carro moderno e interessante.