TESTE: Peugeot 2008 GT T200 2025
A nova geração do Peugeot 2008 foi lançada recentemente no Brasil, como linha 2025. Na Europa, esta linha 2008 foi lançada em 2019, e ganhou uma boa reestilização no ano passado, ocasião em que recebeu o novo desenho da dianteira e as “garras” verticais com leds, que na prática são as DLRs, ou luzes diurnas de circulação. O 2008 deixou de ser carioca e agora é argentino, por conta da aplicação da nova plataforma modular CMP.
por Ricardo Caruso
Idêntico ao 2008 europeu, chegou na linha 2025 em três versões: Active (com R$ 124.990), Allure (R$ 149.990), e GT que AUTO&TÉCNICA avalia aqui nesta matéria (R$ 169.990). Com isso, a Peugeot aproveitou e aposentou os motores 1.6 EC5 aspirado e excelente THP turbo. Todas as versões usam o o mesmo motor, o também excelente 1.0 GSE (batizado T200), de origem Fiat, com três cilindros, turbo, flex, 12 válvulas (quatro por cilindro) e injeção direta de combustível, já utilisado em vários produtos da Stellantis, como os Fiat Strada, Pulse e Fastback; Peugeot 208 e Citroën Basalt e C3 You!
Assim, o motor 1.0 do Peugeot 2008, o T200 de origem Fiat, segue a balada atual de downsizing, onde se tenta -e se consegue- tirar mais potência de motores pequenos. Nesse caso, o turbocompressor tem válvula de alívio eletrônica, bloco de alumínio e controle das válvulas de admissão. São 130 cv de potência máxima a 5.750 rpm com etanol (125 cv com gasolina) e torque máximo de 20,4 mkgf a 1.750 rpm, com os dois combustível. Nesse caso, o 2008 trabalha sempre com o câmbio CVT de sete marchas simuladas, e tem os modos de condução “Automático”, “Manual” e “Sport”.
O topo de linha GT não traz nenhuma diferença no motor que justifique o sobrenome “GT”, sigla que remete a carros de pretensões mais esportivos. O powertrain é o mesmo das demais versões, e no GT foram incluídos detalhes que são mais esportivos. Na dianteira, chama atenção o conjunto ótico com as “garras” verticais, que ladeiam a bela grade que simula um efeito 3D, e o novo logo da Peugeot em black piano, também conhecido como preto brilhante.
Na lateral, destaque para as interessantes rodas de liga-leve com acabamento preto e diamantado, de 17 polegadas, e a capota pintada de preto; há emblemas “GT” nos para-lamas da frente e um aplique com linhas horizontais na coluna “C”. Na traseira, as lanternas em leds altas e horizontais trazem o tema das três “garras”, ligadas por uma faixa em preto brilhante com o letreiro “Peugeot”; teto solar panorâmico é de série nessa versão.
Não vemos muitos Peugeot 2008 pelas ruas e estradas, mas essa culpa não é propriamente do carro. A evolução dos produtos Peugeot é impressionante, mas os bons carros acabam pagando por erros do período pré-Stellantis, como qualidade duvidosa, pós-vendas decepcionante e decisões erradas dos antigos chefões da empresa. Um bom exemplo dos novos tempos é o motor, onde o 1.2 turbo europeu de 102 cv, no 2008 daqui foi trocado pelo 1.0 turbo de 125/130 cv.
A Peugeot estava ciente da importância do 2008 em sua estratégia de crescimento no Brasil. Como o 208 e a maioria dos modelos anteriores da marca, o 2008 é muito bem desenhado, sendo atraente e elegante na dose certa, tudo ressaltado pelos conjuntos de faróis e lanternas bem sacados. Tem 4.309 mm, maior que o VW T-Cross ou Chevrolet Tracker. A distância entre-eixos, de 2.612 mm, é menor que o T-Cross (2.651 mm) mas maior que a do Tracker (2.570 mm). No interior, quatro ocupantes adultos viajam com algum conforto, enquanto o porta-malas tem 419 litros de capacidade, um dos maiores do segmento.
A posição de dirigir é basicamente a mesma do 208 e dispensa o banco do motorista em posição mais alta, algo comum nos SUVs; o banco do motorista tem ajuste de altura, o que pode ajudar quem busca essa sensação de ver as coisas de cima. Quem gosta do banco mais “afundado”, também encontra essa possibilidade; mas a posição um pouquinho mais elevada ajuda a desfrutar do painel i-Cockpit, que é algo marcante nos Peugeot. O volante é pequeno, com base achatada, bem desenhado e faz conjunto com o painel de instrumentos elevado; você visualiza os instrumentos por cima do volante, e não através dele. A tela do cluster do 2008 GT, é digital, com efeito 3D e agradável no dia a dia. As informações projetadas são personalizáveis.
A boa integração da plataforma CMP com o motor T200 e o câmbio CVT é perfeita, isolando bem os ruídos e vibrações no interior da cabine. Isso mostra o cuidado da engenharia da Stellantis com a parte de coxins e aplicação de materiais fono-absorventes na dose certa, com reflexo direto no conforto e no bem-estar a bordo.
No uso diário, o 2008 se saiu muito bem, sem vacilos nas arrancadas e retomadas. Qualquer culpa nesse quesito seria responsabilidade única e exclusiva do CVT. As suspensões dianteira e traseira, graças à Stellantis, “conversam” bem entre si; nos Peugeot mais antigos, não havia nenhuma parceria entre o comportamento da frente e de trás; a frente apontava para um lado, e a traseira queria ir para outro. O rolling (inclinação da carroceria em curvas) é discreto, e a direção com assistência elétrica tem relação mais direta, o que junto com o volante pequeno, traz ótimas sensações para quem vai acelerar além da conta. Os freios são a disco nas quatro rodas, até agora o único produto Stellantis com motor 1.0 turbo agraciado com esse recurso.
O consumo de 8,1 km/litro de etanol na cidade, está dentro do compromisso do 2008 no segmento. Na estrada marcamos 10,8 km/l também de (com picos de 11,2 km/l) que está da mesma forma dentro do normal. Na hora de acelerar, você pode acionar o botão”Sport”, pessimamente localizado na esquerda do painel, quando deveria estar junto ao volante). A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 10,3 segundos; o motor THP anterior fazia essa passagem em 8,4 segundos. Como dizem os americanos, “nada substitui a cilindrada”…
Todos os comandos estão bem posicionado e são de fácil acesso, fora o do modo Sport e o que liga/desliga o aviso de troca de faixa. O freio de estacionamento é elétrico, mas não tem autohold; também sentimos falta de mimos como cruise control adaptativo. Mas o multimídia evoluiu, com tela de 10,3 polegadas e conexão sem fio para Apple CarPlay e Android Auto. É mais intuitiva e bem fácil de usar. Interessante foi trazer do carro europeu o grupo de botões touch que ficam posicionados abaixo das saídas de ar ao centro do painel. A conectividade segue bem servida com entradas USB, incluindo uma tipo USB-C, mais carregamento por indução para smartphones (desde que compatíveis), num compartimento com tampa e refrigeração.
CONCLUSÃO
O GT é o top de linha do Peugeot 2008 e custa R$ 169.990. Tem teto-solar panorâmico; alertas de colisão com frenagem automática, de saída de faixa e de ponto-cego, mais câmeras externas. No geral é um bom e correto “pacote”. Agradável notar que agora a Peugeot tem um carro equilibrado e de qualidade para disputar espaço no segmento dos SUVs, talvez hoje o melhor SUV compacto do nosso mercado. Acomoda bem quatro adultos, é bonito e bem desenhado e transpira modernidade. A escolha do powertrain pela Peugeot foi correta e, finalmente, a marca alinhou os produtos daqui com os europeus.
Resumindo: o Peugeot 2008 GT com motor 1.0 turbo flex e câmbio automático CVT de sete marchas se mostrou um veículo absolutamente adequado para uso na cidade e nas estradas. No caso da condução urbana, o destaque fica para a agilidade, visibilidade para todos os lados e consumo de combustível Nas estradas, o motor tem potência suficiente para garantir direção sempre segura e confortável. O acerto das suspensões, bem ajustadas, tem a dose correta de conforto e segurança, e graças ao bom isolamento acústico do interior, o novo 2008 sem dúvida é uma das principais opções entre os SUVs compactos.
Só resta agora a marca mostrar aos consumidores que não é há tempos a velha Peugeot, que tanto judiou de seus consumidores e tantos erros cometeu no passado. A velha Peugeot morreu, então vida a nova Peugeot!