TESTE: Renault Oroch Iconic 1.6
Não parece, mas a picape Renault Oroch está na véspera de completar 10 anos de mercado. Lançada no já distante 2015, a Oroch foi a primeira picape intermediária moderna de nosso mercado; antes dela existiram a VW Kombi Pick-up e a Rural Willys Pick-up/Ford F-75, mas isso faz parte da pré-história do automóvel brasileiro. Para quem não lembra, a Oroch foi apresentada poucos dias antes da Fiat Toro. A verdade é que, com quase 10 anos de vendas por aqui, a picape da Renault é um produto maduro, porém que se inclui na categoria “veterano”; ela lutou bravamente esse tempo todo por seu lugar ao sol, sem maiores alterações, não sendo agraciada com grandes mudanças desde então, nem mesmo as novidades que o Duster ganhou quatro anos atrás e assim subiu de patamar.
por Marcos Cesar Silva
E também é preciso considerar que, no segmento das picapes médias menores, a Toro recebeu incontáveis mudanças de visual, acabamento e mecânica, e a concorrência aumentou com o lançamento da nova geração da Chevrolet Montana. Para se manter viva no segmento, a Renault mirou firme a relação custo/benefício, apresentado no início deste ano esta versão Iconic 1.6 com câmbio manual e razoável lista de equipamentos, que custa R$ 132.500.
A Oroch Iconic 1.6 manual está mais próxima da versão top de linha, Outsider 1.3 turbo CVT (R$ 146.900), do que da básica PRO 1.6 manual (R$114.750). Entre seus mimos, não há muito a destacar. Ela traz o mínimo necessário para seguir a legislação ou para não perder a parada para suas concorrentes.
Oferece ar condicionado automático, sensor de chuva, sistema Start/Stop, acendimento automático dos faróis, vidros elétricos inclusive na traseira e cruise control. Interessante, mas se for bem observada, se mantém basicamente como um veículo de 10 anos atrás: só tem dois airbags na frente; volante não tem regulagem de distância, só de inclinação; painel analógico com uma telinha de computador bem pequena e direção com sistema eletro-hidráulico, ao invés de assistência elétrica. Mas é assim que a Renault consegue trabalhar o custo/benefício dela.
A Iconic ainda é equipada com rodas aro 16 de com acabamento diamantado e alguns detalhes em laranja no interior da cabine, e só. Pelo menos a central multimídia tem tela de 8 polegadas e espelhamento sem fio para smartphone.
Em termos de dimensões, a Oroch tem 4.700 mm de comprimento, 1.821 mm de largura,1.631 mm de altura e 2.829 mm de distância entre-eixos. A caçamba tem 683 litros de capacidade, o que não é muito. Nesse quesito perde até para a Fiat Strada, que é menor mas tem 844 litros. A capacidade de carga é de 650 kg.
Na parte mecânica mecânica usa o bom motor 1.6 16V SCe da marca. É aspirado, conta com variador da fase de admissão no comando de válvulas e traz injeção indireta de combustível. Tem até 120 cv de potência máxima e 16,2 mkgf de torque máximo a 4000 rpm, com etanol. A transmissão é manual de seis marchas, algo que também remete a uma década atrás. Automática só a versão mais cara Outsider com motor turbo; não existe 1.6 com o câmbio CVT na picape Oroch, powertrain que está disponível no Duster.
A Oroch, com a dianteira do antigo Duster e faróis com lâmpadas halogenas, entrega a idade do projeto. Mas em compensação tem bom espaço no banco traseiro e bom acabamento interno. O painel ganhou pelo caminho uma modernizada, com plásticos de qualidade bem aplicados. Mesmo sem o ajuste de distância do volante, é fácil encontrar uma poa posição de dirigir e os comandos estão bem posicionados e são simples de usar. O computador de bordo, por sua vez, merecia uma boa reformulada.
Rodando com ela, tudo parece melhor, com bom espaço interno, suspensões independentes (inclusive na traseira) e tranquila de dirigir. O cambio tem engates precisos e suaves e a assistência eletro-hidráulica da direção não se mostra um grande problema, pelo contrário, é apenas um pouco mais pesada que o sistema elétrico. O câmbio é longo, e a 120 km/h o conta-giros marca 3.000 rpm, bom para o consumo e um pouco pior para as acelerações e retomadas. A velocidade máxima é de 170 km/h. O consumo merece destaque. Durante nossas avaliações, marcamos -sempre com etanol- 7,8 km/litro na cidade e 11,2 km/litro em trajeto rodoviário.
CONCLUSÃO
A picape Renault Oroch é um modelo bem valente e honesto para o que se propõe, com preço justo no segmento e recursos bem alinhados com seus concorrentes diretos. Anda meio esquecida no mercado e é pouco divulgada pela marca, mas é uma boa opção para quem procura uma picape de seu porte, boa para o trabalho e apta para uso como “carro” no dia a dia. É só fazer algumas concessões por conta da idade (como o sistema de iluminação ainda halógeno e apenas dois airbags), e tudo se resolve. Para quem tem medo da manutenção, interessante lembrar qua a ausência de itens como injeção direta, turbocompressor e excesso de eletrônica tem a vantagem de quebrar menos e assim exigir menor manutenção. É o tal custo/benefício…