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TESTE: Toyota Corolla GR-Sport

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O brasileiro sempre gostou de carros “esportivados”, uma alternativa mais em conta do que os esportivos reais por diversos fatores. Isso vem desde os anos 1960, época do Simca Rallye, e chega até os dias atuais. A ideia de carro “esportivado” então é antiga, em geral basta aplicar um conjunto de asas, mini-saias e spoilers, de vez em quando para-choques diferentes, outras rodas, faróis auxiliares e faixas adesivas decorativas (essas em desuso). Some a isso algumas mudanças no interior e, quem sabe, algum ajuste discreto na suspensão e transmissão. Funciona bem esta receita e atrai compradores.

por Marcos Cesar Silva

Por outro lado, existem carros que, pelas características próprias do direcionamento do projeto, não são exatamente esportivos, mas aceitam bem serem “esportivados”. O sedã Toyota Corolla é um desses carros, e não é a primeira vez que oferece uma versão assim. AUTO&TÉCNICA avaliou o Toyota Corolla GR-Sport, que traz um pouco de referências do radical GR Corolla, mas mantendo toda a praticidade e qualidades do sedã da marca, um campeão de vendas. O visual é muito bem cuidado, discreto, e a suspensão tem calibragem um pouco mais firme, tudo animado pelo motor 2.0 aspirado e câmbio CVT, com boa dose de equipamentos e preço de R$ 181.590.

Visualmente, o Corolla “esportivado” recebe um para-choque dianteiro exclusivo com perfil de spoiler incorporado, grade maior, discreto spoiler na tampa traseira, emblemas GR e saias laterais, que não só ajudam na aerodinâmica, como dão a sensação de que o carro é mais baixo. As rodas são aro 17 com pintura preta e acabamento diamantado, calçadas com pneus Dunlop 215/50. Com a carroceria pintada de outras cores, o teto tem pintura em preto contrastando, e o teto-solar é uma boa novidade da linha para este ano. Toyota Corolla GR-Sport 2.0 2024

Sabemos que nem todos podem ter um carro esportivo raiz, por conta da funcionalidade, necessidade ou preço. E é aí que o “esportivado” ganha respeito. No caso do Corolla GR-Sport, a suspensão foi recalibrada, claro que com palpites da Gazoo Racing, que é a área de competição da marca, com molas e amortecedores mais firmes e outras barras estabilizadoras. O resultado é um acerto de suspensão impecável em qualquer situação, sem dúvida o melhor arranjo entre todos os carros que avaliamos este ano. O sistema de freio a disco nas quatro rodas conta com discos ventilados na dianteira e pinças deslizantes em todas as posições. O pedal de freio tem boa modulação, aumentando o esforço do pedal à medida que se necessita de maior desaceleração.

Além dessa boa calibrada na suspensão, não há outras mudanças na parte mecânica. O motor é o 2.0 aspirado, com 169 cv/175 cv de potência máxima e 20,8/21,4 mkgf de torque máximo (gasolina/etanol), acoplado ao câmbio CVT de 10 marchas (a primeira é real, com engrenagem, para ajudar a sair da inércia com mais apetite). No ano passado esse motor recebeu nova calibragem, perdendo cerca de 2 cv para se adequar às normas de emissões. Segundo números do Inmetro, o consumo está em 8,6 km/litro na cidade e 10,7 km/l na estrada (com etanol); antes eram 8,3 km/l e 9,8 km/l, respectivamente. Com gasolina, os números muda para 12,3 km/l na cidade e 14,9 km/l na estrada; antes 11,9 km/l e 14,2 km/l.

Por dentro, o acabamento é discreto como todo Corolla, todo em preto, com costuras vermelhas nos bancos, que são revestidos de alcântara e material que imita couro. No console há uma plaqueta numerada, que dá um certo ar de exclusividade, mesmo não se tratando de uma edição limitada do Corolla. O painel de instrumentos com tela de 12,3 polegadas traz as mesmas configurações das outras versões. O acabamento é muito bom e, nesta versão, tem os detalhes diferenciados que citamos. O espaço é típico de um sedã médio, com entre-eixos de 2.700 mm, e o porta-malas tem capacidade para 470 litros. Toyota Corolla GR-Sport 2.0 2024

No dia a dia, a primeira marcha permite boas arrancadas, sem os vacilos do CVT. O motor aspirado tem bom torque em baixas rotações que, quando exigido, mostra logo toda a potência disponível, frequentando bem as altas rotações. A aceleração de zero a 100 km/h foi feita em 9,5 segundos. Em consumo, os 9,8 km/litro (etanol) na cidade são bons para um aspirado 2.0, mas na estrada ele vai bem e marca os 14,9 km/litro (gasolina).

Vale lembrar que este motor 2.0 funciona em ciclo Atkinson, em que a fase de abertura da válvula de admissão dura mais tempo e permite que o fluxo de ar seja revertido direto para o coletor de admissão. E para inibir possíveis perdas de potência, a Toyota utiliza um sistema de injeção direta e indireta combinadas. A velocidade máxima é de 205 km/h.

Vários equipamentos compõem a lista de mimos do Corolla GR-Sport, com destaque para o sistema de permanência em faixa acionado ou desativado por meio de botão no volante, facilitando sua aplicação. O cruise control é adaptativo, também com acionamento no volante, que traz ainda os controles do rádio, telefone e do computador de bordo. O ar-condicionado é de apenas uma zona, mas tem saída na traseira e o controle da temperatura é automático. Funciona bem, com baixo nível de ruído sonoro e fluxo de ar correto.

Posicionada como versão intermediário na linha Corolla, o GR-Sport tem pacote de assistentes completo, e além do piloto automático adaptativo e assistente de troca de faixa, traz alerta de ponto-cego e de colisão com frenagem automática; teto-solar; faróis e lanternas com LEDs; chave presencial com partida por botão, sete airbags e bom sistema de áudio.

Pra quem quer visual diferente, é a melhor opção dentro da linha. A receita dos “esportivados, como vimos, não é nova, mas ainda é atraente e foi bem aplicada ao Corolla. Afinal, que disse que Corolla é um carro sem graça?


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