Você sabe quem foi o pai dos motores V8? E da injeção, do radiador…
Léon Levavasseur inventou o motor V8, a injeção direta de combustível e o arrefecimento por radiadores. Apesar disso tudo, morreu pobre aos 58 anos de idade. Foi engenheiro, projetista e inventor, mas acima de tudo, um gênio. Foi ele quem fez o motor do 14-Bis de Santos Dumont…
Nasceu em França, em 1863, para dar ao mundo uma das mais belas criações do mundo da mecânica, a invenção do motor de arquitetura V8, ou seja, de oito cilindros em “V”. Sem o torque, o ronronar da marcha-lenta e o som instigante do escapamento dos motores V8, o mundo hoje seria muito mais sem graça do que já é.
A sua carreira como engenheiro começou na empresa francesa de motores Antoinette, que ajudou a fundar em 1902. Nesse mesmo ano, patenteou o primeiro motor V8 da história, configuração que se popularizou só 30 anos depois nos Ford. Com a necessidade crescente de motores para várias finalidades, a configuração então exótica dos cilindros em “V” Léon começou a chamar atenção no mundo da náutica. Estes motores logo ganharam fama por serem compactos, potentes e confiáveis. Chegou a projetar motores V32!
Ao fim de apenas dois anos, os motores de Levavasseur já equipavam inúmeros barcos de corrida, com vitórias em todas as categorias da época. Foi então que a fábrica Antoinette recebeu do Brasil, a encomenda de um motor muito especial. O pedido chegou em nome de Santos Dumont –o pai da aviação. Dumont pedia a Léon que fornecesse um motor para o seu avião 14-Bis… O motor escolhido para Santos Dumont foi um V8 (claro) com impressionantes 50 cv de potência máxima. Com os 86 kg de peso do motor e 160 km de peso total do avião, esta relação peso/potência revelou-se imbatível durante 25 anos. Resultado? O 14-Bis se tornou o primeiro objeto mais pesado que o ar a levantar voo sem assistência (a ratoeira dos irmãos Wright necessitava de impulso). Era o ano de 1906, entre 19 e 23 de julho, em Paris.
Depois de abandonar a Antoinette, Léon Levavasseur continuou sua carreira como inventor, registando patentes, ganhando prêmios e criando sistemas que ainda hoje estão presentes no dia a dia da indústria automobilística. Entre elas o arrefecimento com uso de radiador e a injeção direta de combustível. Mais de 100 anos depois, as suas idéias continuam tão válidas como no dia em que saíram da sua cabeça. E isso é impressionante.
Ironicamente, Levavasseur, o criador de algumas das maiores invenções da engenharia moderna, morreu na miséria em 1922, com 58 anos de idade. Hoje, 92 anos depois da sua morte, é mais do que justo que prestemos a ele esta merecida homenagem. Valeu, Léon!