VR6: Volkswagen dá adeus ao motor V6 que era em linha…
O VR6 foi um dos motores mais marcantes da história da Volkswagen, mas agora, depois de 34 anos em produção, sua trajetória chegou ao fim. O
motor VR6 era uma configuração de motor de seis cilindros desenvolvida pela empresa, e o nome VR6 veio da combinação das palavras alemãs “V-Motor” (“motor em V”) e “Reihenmotor” (que significa “motor em linha”), dando aos motores VR características que mesclavam o layout em “V” com a configuração em linha, uma terceira via entre os dois tipos de motores. Foi desenvolvido especificamente para instalações transversais de motor em veículos de tração dianteira. O VR6 era um motor altamente compacto, graças ao ângulo mais estreito -de 10,5 a 15 graus- entre as bancadas de cilindros, em oposição aos ângulos V6 tradicionais que variam de 45 a 90 graus. O conceito compacto era mais barato de fabricar, uma vez que apenas um cabeçote era necessário para todos os seis cilindros, muito parecido com um motor tradicional de seis cilindros em linha.
por Marcos Cesar Silva
Tudo na vida tem um princípio e um fim e, no caso do motor Volkswagen VR6 o fim da linha chegou no dia 12 de dezembro de 2024, com a produção da última unidade. O anúncio foi feito por Andreas G. Schleith, da área de comunicação da Volkswagen: “Depois de 34 anos e quase 1,87 milhões de unidades produzidas, o icônico VR6 se despede”. AUTO&TÉCNICA, em fevereiro de 2023, já tinha tratado desse assunto (veja aqui).
O Volkswagen Corrado e o Passat (B3) foram os primeiros carros a receber o VR6 em 1991 —com 2800 cm3 de capacidade, duas válvulas por cilindro e 174 cv—, mas daí em diante, ele frequentou inúmeros compartimentos de motor de modelos da Volkswagen, Audi, SEAT e até Porsche. O Golf R32 —3,2 litros, quatro válvulas por cilindro e 250 cv— foi talvez o modelo mais emblemático a usufruir do VR6, mas ele acabou equipando quase todo o tipo de veículos: de minivans ao primeiro SUV da Porsche, passando até por motor homes…
Os entusiastas talvez gostassem de ver o último dos VR6 equipando um carro de atributos mais esportivos —um hot hatch ou um cupê mais animado —, mas a despedida deste motor acabou acontecendo num conservador SUV, vendido na China. No caso um Audi Q6 —não confundir com o novo e exclusivamente elétrico Q6 e-tron—, que é também o maior SUV já feito pela Audi. Por trás da designação abstrata “50 TFSI” escondia-se um VR6 com 2,5 litros. Graças à ajuda de um turbocompressor, o último dos VR6 despediu-se deste mundo com 300 cv e 50 mkgf.
Esta configuração VR trazia algumas limitações devido ao comando das válvulas único e ao ângulo das mesmas, mas não foi impedimento para expandir o conceito a outras arquiteturas. Acabou servindo de base aos motores W8, W12 e até ao W16 da Bugatti. Sim, na base do motor do Veyron e do Chiron está um motor de Golf. Este motor usa um ângulo de 90 graus entre dois motores VR8 e tem quatro turbo-compressores.
Aqui cabe uma ressalva. O conceito do motor em V de ângulo estreito remonta a muito antes de 1991. Na verdade, foi a Lancia a pioneira no conceito em 1922 para o Lambda com motor V4 .
Nas palavras de Schleith: “o VR6 pode estar se aposentando, mas o seu legado continuará rugindo”….