Exagerado: quando a VW fez um Golf com motor 6.0W12 de 650 cv
O Volkswagen Golf sempre foi uma plataforma meio divertida para a Volkswagen esticar seus músculos e, repetidamente, ela fez isso, principalmente na Alemanha. Foi esse o caso que aconteceu em meados dos anos 2000, quando a VW decidiu colocar um motor W12 Bentley dentro de seu best seller com tração dianteira, dando a ele uma potência quase desenfreada.
por Ricardo Caruso
Em 2007, o então chefão da VW, Martin Winterkorn, reuniu alguns técnicos da marca para um projeto interessante. Ele queria algo especial para o encontro de entusiastas, o Wörthersee, daquele ano, e quando os desenhistas trouxeram a ideia de um Golf superesportivo, animado pelo W12 de Ferdinand Piëch, Winterkorn se entusiasmou e deu sinal verde para o projeto.
Com prazo de apenas dois meses para dar vida ao GTI antes do evento, a marca revirou suas prateleiras e caixa de peças, para pensar em várias ideias selvagens. Ela optou por um Golf com carroceria alargada e motor central, equipado com um motor de 6.0W12 de 650 cv de potência. O resultado foi um minúsculo hatch de duas portas capaz de acelerar de zero a 100 km/h em menos de quatro segundos e atingir uma velocidade máxima de 323 km/h.
O Golf W12-650 foi, sem surpresa, mais uma brincadeira da marca numa carroceria de Golf. Os freios dianteiros foram tirados de um Audi RS4 e os traseiros de uma Lamborghini Gallardo. Sua caixa de câmbio automática foi emprestada do Volkswagen Phaeton que, caso você não saiba, tinha o preço de um Mercedes Classe S e compartilhava sua plataforma com alguns Bentley. E aquele motor W12, de onde saiu? Veio de um Bentley Continental GT.
Claro, o W12 é um motor enorme, então não havia espaço para ele debaixo do capô do Golf, muito menos qualquer coisa construída em um chassi VW projetado para aplicações mais simples de motor dianteiro e tração dianteira. Em vez disso, os bancos traseiros foram retirados do carro e o motor foi instalado atrás do motorista. O tanque de combustível também teve que ser removido para dar lugar ao motor, então uma célula de combustível foi montada na frente, sob o capô .
A carroceria foi alargada em 16 cm base para acomodar o aumento da largura das bitolas. A VW usou o espaço lateral entre os para-lamas para adicionar entradas de ar para o motor, retrabalhando as aberturas nas soleiras e na coluna “C”, atrás do vidro. Para reduzir peso, o teto foi refeito em fibra de carbono exposta.
O resultado final foi um carro com linhas suaves (nada como um tuning de fábrica…) e uma experiência de direção assustadora. Certos comandos internos estavam sem função; perdoável diante do prazo de dois meses para projetar e construir o carro. A entrega de potência era aparentemente linear, muito rápida, e colocar o carro para enfrentar uma curva era uma luta para manter a frente apontada para a frente.
Óbvio que o W12-650 nunca saiu da fase de protótipo. Foi uma demonstração única de força para ser exibida em Wörthersee e mais uma chance para a VW mostrar a força de suas várias marcas. Ainda assim, apesar de haver apenas esta unidade, hoje o carrinho é uma parte interessante da história da Volkswagen.