SEAT 1400, o primeiro automóvel da marca espanhola era um Fiat
A marca espanhola SEAT (Sociedad Española de Automóviles de Turismo) hoje pertence ao Grupo Volkswagen e já esteve no Brasil nos anos 1990. Foi fundada em 1950 e, em 1953, lançou seu primeiro modelo, o 1400.
por Ricardo Caruso
A SEAT surgiu dos escombros da II Guerra Mundial, quando o governo espanhol decidiu investir para motorizar o país. Para isso fazer, o Instituto Nacional de Industria (INI) criou, em 9 de maio de 1950, a Sociedad Española de Automóviles de Turismo, mais conhecida como SEAT. Em 1986, a Volkswagen assumiu a participação majoritária na empresa, que hoje coloca no mercado carros muito interessantes e avançados. Sucesso na Europa, esquecida no Brasil…
A ideia era que a nova marca, detida em 51% pelo INI, 42% pelos bancos espanhóis e 7% pela Fiat, produzisse os modelos da marca italianos sob licença. E foi exatamente isso que aconteceu durante quase 30 anos (em 1980 a Fiat retirou-se do capital da SEAT), tendo dessa parceria nascido carros como o SEAT 600, SEAT 850, SEAT 127 ou o primeiro SEAT de todos, o 1400.
O acordo com a Fiat veio, além das boas relações de Franco com o finado Mussolini, devido à inexperiência da escassa indústria espanhola em relação à fabricação e projeto de veículos, algo que o acordo com o italiano em grande parte fornecia.
Foi há 69 anos, em 13 de novembro de 1953, que o primeiro SEAT de todos foi apresentado. Derivado direto do Fiat 1400 de 1950, os dois modelos foram dos primeiros carros na Europa a recorrerem a uma carroceria monobloco no lugar dos chassis com longarinas e travessas.
O primeiro SEAT 1400 custava à época 117 mil pesetas (o equivalente hoje a cerca de US$ 700). Quando foi lançado, o ritmo de produção na fábrica da Zona Franca de Barcelona era de apenas cinco carros por dia.
E quais eram as características técnicas deste primeiro SEAT? O 1400 era um pequeno sedã (como a maioria dos seus contemporâneos europeus) de quatro portas, com carroceria monobloco, motor dianteiro longitudinal e tração traseira.
O motor era de 1.395 cm3, com caixa de câmbio manual de quatro velocidades, com potência máxima de 44 cv. Isso levava o primeiro SEAT até os 120 km/h de velocidade máxima (muito bom nos anos 1950 do século passado). Já em nível de consumo, na média o 1400 fazia 10 km/litro de gasolina.
O SEAT 1400, na suspensão traseira, usava eixo rígido, amortecedores telescópicos e feixes de molas longitudinais; na frente, suspensão independente trapezoidal com molas e amortecedores telescópicos.
Com desenho inspirado nos modelos americanos da época (o Fiat 1400 não escondia as proximidades com modelos da Nash ou da Kaiser) o SEAT 1400 herdou do seu “irmão” italiano todo o desenho e projeto (afinal, era feito sob licença da Fiat…) apresentando formas arredondadas, principalmente na traseira, e novidades como o pára-brisas de vidro único curvo ou o sistema de aquecimento.
A gama do primeiro modelo da SEAT foi crescendo com modelos como o 1400 A em 1954, o 1400 B em 1956 e o 1400 C em 1960, além de diversas versões especiais. Ao todo, nos 11 anos em que esteve em produção (foi produzido entre 1953 e 1964) foram construídas 98.978 unidades do primeiro modelo da SEAT. Existiram diversas carrocerias, a mais comum sedã de quatro portas, mas foram produzidos furgões comerciais, wagons e até limusines.
A produção que teve início em 13 de novembro de 1953, contou com a força de trabalho inicial de 925 funcionários que produziam cinco unidades por dia; como registro, o primeiro exemplar saiu da linha de montagem com a placa “B-87.223”. Inicialmente, os componentes eram enviados como conjuntos CKD da Itália e montados pela SEAT em sua fábrica de Barcelona. Mas em 1954 o conteúdo de peças de fabricação espanhola subiu para 93% do total, a fim de limitar as importações e ajudar o desenvolvimento da quase inexistente indústria de fornecedores de autopeças espanhóis, cumprindo assim o papel atribuído à SEAT no desenvolvimento da economia espanhola como fabricante nacional de automóveis.
Nos anos seguintes, a produção do modelo aumentou gradualmente e, em 1956, 10.000 carros eram produzidos anualmente, com a média de 42 carros/dia.