Classic Cars

TAP 150: quando a Vespa foi para a guerra

Compartilhe!

“Não é apenas uma scooter, é um modo de vida.” Este é um velho slogan da marca italiana Vespa. A empresa foi fundada por Rinaldo Piaggio em 1884, e a princípio produziu carruagens, mudando para produção de aeronaves anos depois. Em 1917, a empresa expandiu suas instalações construindo uma nova fábrica em Pisa. Em 1921. Piaggio adquiriu outra fábrica em Pontedera, onde eram produzidos motores de aviões bombardeiros. Esta fábrica tornou-se -é clado- um alvo estratégico durante a Segunda Guerra Mundial, e por isso em 31 de agosto de 1943 acabou destruída.

por Marcos Cesar Silva

Após o final da guerra, Enrico Piaggio, filho de Rinaldo, fundou a nova empresa Piaggio em abril de 1946, em Florença, e construiu uma nova fábrica com a ajuda das forças aliadas. Enrico viu a necessidade de a população menos abastada ter um veículo de pequeno porte e acessível, que poderia ser usado nas estradas italianas danificadas pelos bombardeios. Inspirado nas motocicletas Cushman, que eram lançadas por paraquedas pelas Forças Aliadas, em 1944 Enrico solicitou que os engenheiros da Piaggio projetassem um scooter. Eles criaram um protótipo chamado MP5, mais conhecido como Paperino.

Enrico não ficou satisfeito com a aparência da scooter, então ele pediu ao engenheiro aeronáutico Corradino D’Ascanio, uma reformulação no visual do modelo. Em 1946, foi criado o MP6, e quando apresentado a Enrico, foi imediatamente chamado de “Vespa” por ele. O termo italiano “Vespa” significa o mesmo que em português, e seu nome foi dado devido à aparência e ao som do veículo. Em 23 de abril de 1946, o scooter foi registrado no Escritório Central de Patentes, em Florença, e a produção começou. A Vespa foi um sucesso instantâneo, e tornou-se famosa logo após o lançamento. Apenas 13 anos desde a criação da Vespa, havia um milhão de scooters vendidos. Hoje, esse número aumentou para mais de 18 milhões. Muitos outros fabricantes tentaram copiar a Vespa e produzir seus scooters, mas nenhum deles tinha a beleza e durabilidade da italiana.

A Vespa teve muitos modelos ao longo dos anos, usados para muitos propósitos. No entanto, há um modelo que permanecerá conhecido como o scooter mais perigosa já feito: a Vespa TAP 150. Encomendado pelos militares franceses na década de 1950, a TAP 150 foi produzida pela ACMA, fabricante francesa licenciada de modelos Vespa. O modelo foi apresentado em 1956 e aprimorado em 1959. A TAP 150 foi planejada para ser usado nos conflitos da Indochina e Argélia pelas Trupes Aéro Portées (TAP), daí o nome do modelo. Três empresas entraram na concorrência: a Valmobile 100, a Bernardet 250 e a Vespa modificada. A Vespa ganhou, e então aproximadamente 500 unidades deste modelo foram montadas pela ACMA.

A Vespa TAP 150 tinha quadro reforçado, motor monocilindro de 146 cm³ de dois tempos e poderia desenvolver a velocidade máxima de 65 km/h40. O TAP foi equipado com um M20, um canhão anti-blindagem leve, que poderia penetrar uma estrutura com 100 mm de espessura, graças à ogiva HEAT ligada a ele. A Vespa deveria servir apenas como um método de transporte para o canhão, embora fosse possível disparar a arma enquanto estava montada no veículo.

Esta artilharia não foi muito útil contra os tanques no conflito na Indochina, mas mostrou-se bastante útil contra alvos levemente blindados na Guerra da Argélia. A Vespa TAP foi construída para ser lançada em pares de um avião com um paraquedas. As motos eram fixadas em pallets e protegidas com palha. Um dos scooters carregava o canhão, enquanto o outro levava a munição, então foram operados por uma dupla de soldados. O TAP 150 chegava ao solo pronto para ser usado de imediato, e devido à sua agilidade, era uma arma muito eficiente. Um reboque carregando itens adicionais e mais munição era frequentemente anexado ao veículo, e também havia um tripé para o canhão. A construção da Vespa TAP 150 foi muito barata, com um custo estimado de US$ 500 cada na época, e por isso foi a arma perfeita para o tipo de combate a que se destinava.

A Vespa “Bazooka” não foi a primeira motocicleta militar produzida por Enrico Piaggio. No início da década de 1950, ele apresentou o Armate da Força Vespa ao exército. Embora a moto tenha cumprido as normas da OTAN, o próprio Enrico Piaggio abandonou as negociações em 1952, afirmando que não querer negociar com o Estado e os militares. A Vespa TAP 150 foi usada apenas na Indochina e na Argélia e, depois disso, foi dispensada do serviço.

Hoje, o grupo Piaggio é um dos maiores produtores de motocicletas do mundo, com mais de 70 mil funcionários e operações estabelecidas em mais de 50 países, tendo passado pelo Brasil nos anos 1980. A Piaggio possui oito marcas diferentes de motocicletas, mas a Vespa é a sua principal, ainda fiel ao seu desenho tradicional e incomparavelmente mais bonita do que qualquer outra scooter.


Compartilhe!
1714329554