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Carlos Ghosn se defende: “agi com aval da Nissan”

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Carlos Ghosn, ainda presidente da Renault, declarou ser inocente e que agiu com “a aprovação dos diretores da Nissan”, no seu primeiro depoimento em tribunal desde que foi detido, em novembro do ano passado, por fraude financeira.

Ghosn, considerado um dos maiores executivos da indústria automotiva, é acusado de ter escondido das autoridades tributárias valores milionários acertados com a Nissan desde 2011, e de violar a confiança da empresa ao tentar encobrir perdas financeiras pessoais. Ghosn está à espera de julgamento, mas esta audiência num tribunal em Tóquio serviu para o brasileiro ficar ao par das acusações que sobre ele pendem.

Nas suas declarações, Ghosn afirmou: “Fui acusado injustamente e detido injustamente com base em acusações sem fundamento. Ao contrário das acusações do Ministério Público, nunca recebi qualquer compensação da Nissan que não tenha sido divulgada, nem assinei qualquer contrato com a Nissan para receber uma quantia fixa que não tenha sido divulgada. (…) Eu só tenho amor e gratidão, do fundo do meu coração, à Nissan. Eu dediquei todos os meus esforços à Nissan e cumpri os meus deveres de forma justa, correta e legal”.

A juiza do Tribunal, Yuichi Tada, leu as acusações que envolvem Ghosn e declarou que o empresário permanecerá sob custódia por risco de fuga e de ocultação de provas. “Há elementos suficientes para considerar que o suspeito pode incitar as pessoas envolvidas a encobrir as infrações”, declarou a juiza.

Nascido no Brasil, descendente de libaneses e cidadão francês, Carlos Ghosn iniciou sua carreira na Michelin na França, seguindo depois para a Renault. Juntou-se à Nissan em 1999, tendo sido escolhido para chefão em 2001, lugar que ocupou até ao ano passado. Em junho deste ano, os acionistas da Renault aprovaram a remuneração de Ghosn de US$ 8,5 milhões pelos resultados do último ano. Além disso, Carlos Ghosn teria recebido US$ 10,5 milhões no seu último ano como presidente executivo da Nissan.

TEORIA DA CONSPIRAÇÃO?

Duas das filhas de Ghosn, entrevistadas pelo jornal “New York Times”, questionaram se todo o processo não se deve a um truque da Nissan para evitar um possível projeto de fusão com a Renault. Essa teoria é recorrente entre jornalistas e espacialistas da área.

A esposa de Greg Kelly, braço direito de Ghosn, preso no mesmo dia que ele e libertado no dia 25 de dezembro sob fiança, também denunciou uma “trama internacional, uma traição de alguns líderes da Nissan”, cenário que a marca japonesa, é claro, negou, afirmando que não tinha outra escolha que não denunciar quem um dia salvou a empresa.

Diante das acusações, a Renault optou por manter sua confiança em Carlos Ghosn, enquanto a Nissan e a Mitsubishi Motors se apressaram em demiti-lo da presidência do Conselho de Administração.


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