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TESTE: Citroën C3 Aircross Shine T200

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Como a Stellantis trabalha no reposicionamento da marca Citroën com foco no custo/benefício, encontrou mais espaço no mercado com carros bem desenhados, bom espaço interno e mecânica confiável, diferente da imagem que a marca trazia antes de fazer parte do Grupo. A partir disso, seus modelos se tornaram atraentes para os consumidores. E não é diferente com o novo novo C3 Aircross, que além do generoso espaço interno, traz powertrain atual e, como interessante argumento, chegou com opções de cinco e sete lugares.

por Ricardo Caruso

O modelo foi desenvolvido no Brasil e é fabricado em Porto Real (RJ), usando vários componentes do C3, parceiro da mesma linha de produção. Apesar do nome sugerir o contrário, ele não tem nenhum vínculo com o antigo Aircross, que saiu de linha há quatro anos. O carro foi feito do zero e usa a plataforma CMP da Stellantis, já aplicada em diversos outros modelos. Chegou nas versões Feel (a partir de R$ 109.990), Feel Pack (R$ 119.990) e Shine (R$ 129.990), esta última que avaliamos, com cinco lugares. Se tivesse sete lugares, custaria R$ 136.590. Ou seja, o novo Aircross tem três versões, cada uma disponível com duas propostas (cinco ou sete lugares).

MOTOR/CÂMBIO – O motor usado no C3 Aircross é o conhecido Firefly 1.0 Turbo (código GSE T200), com três cilindros em linha, três válvulas por cilindro, 999 cm3 exatos, comando de válvulas único com variação na admissão e diâmetro x curso de 70 mm x 86,5 mm. Usa corrente para acionar o comando, é turbo e com injeção direta. Com isso, tem potência máxima é de 130 cv (etanol) ou 125 cv (gasolina) a 5750 rpm e torque máximo de 20,4 mkgf (e/g) já a 1700 rpm. A relação peso/potência é de 9,35 kg/cv e a potência específica de 130,1 cv/litro.

Trabalha sempre com a transmissão CVT, que muitos chamam de automática; pode ser chamado de automático na medida em que dispensa o motorista de escolher as marchas, mas na verdade ele tem marchas simuladas (sete, nesse caso). Acaba sendo uma boa opção para o motorista e para as fábricas, já que custa menos que uma transmissão automática tradicional.

Com esse conjunto, o C3 Aircross chega aos 190 km/h de velocidade final, e acelera de zero a 100 km/h em 9,8 segundos, sempre abastecido com etanol. Marcas boas para a proposta do carro, lembrando que estamos falando de um motor 1.0.

CONSUMO/AUTONOMIA – Na cidade, conseguimos fazer a média de 7,7 km/litro com etanol; rodando com gasolina, a marca melhora bastante, chegando aos 10,7 km/litro. Já na estrada, marcamos 8,8 km/litro (e) e 12,3 km/litro (g). Com isso, o tanque de combustível de 47 litros permite autonomia urbana de até 362 km com etanol e 503 km com gasolina; em rodovia, consegue-se até 413 km (e) e 578 km (g).

DIREÇÃO/FREIOS – A direção é com assistência elétrica, como a maioria dos carros hoje em dia. É precisa e com peso correto em qualquer situação, mas poderia ser só um pouquinho mais pesada em altas velocidades, isso no nosso gosto pessoal. Tem diâmetro de giro de 10,8 m. Já os freios são com disco ventilado (284mm x 22 mm) e tambor na traseira (228 mm). Param o carro bem, em distâncias normais, dentro do esperado para seu compromisso.

SUSPENSÃO/ESTABILIDADE – Na frente, a suspensão é tipo McPherson, e na traseira com eixo de torção, ambas com molas helicoidais e amortecedores basicamente o padrão dos dias de hoje. São o suficiente para proporcionar dirigibilidade muito boa, confortável e precisa, mesmo em altas velocidades ou passando por terrenos irregulares e em acelerações. Se o conforto está garantido, a estabilidade segue a mesma linha, e o comportamento lembra muito o dos Fiat atuais. As rodas são aro 17 calçadas com pneus 215/60.

O ângulo de entrada é de 23,3 graus e o de saída de 32 graus , o que nas cidades é suficiente para evitar a maioria das raspadas indesejadas em lombadas e valetas, enquanto a distância em relação ao solo –20 cm, muito boa– é superior, por exemplo, à do Jeep Renegade (18,6 cm). Mesmo não sendo um SUV na pura essência, isso garante alguma capacidade para enfrentar terrenos difíceis.

ESTILO/AERODINÂMICA – O desenho do C3 Aircross é daqueles casos em que forma e função combinam bem. É um SUV pequeno, projetado no estilo do programa que a marca chama de C-Cubed, sem exageros e segue o estilo “caixote”, bem proporcional e com ampla área envidraçada. Tem os para-lamas bem destacados, frente alta, capô plano, coluna “C” larga, e na versão avaliada o teto era preto, combinando bem com os demais detalhes escuros da parte externa. Faróis, lanternas e portas dianteiras são os mesmos do hatch. Em termos de aerodinâmica, a marca não informou o Cx, mas a área frontal é grande, de 2.87 m2. No geral, é um carro com grande personalidade.

ERGONOMIA/PAINEL – A posição de dirigir é boa, elevada, e a área envidraçada beneficia a visibilidade. De maneira inteligente, para cortar custos, o C3 Aircross herdou do hatch o painel, comandos, volante (sem ajuste de altura) e o sistema multimídia com tela de 10,25 polegadas com Apple CarPlay e Android Auto com conexão sem fio. O painel de instrumentos é digital, de 7 polegadas, com boas soluções; a chave é de uma pobreza franciscana, que não combina com a modernidade do carro.

Poderia ser ao menos uma chave “canivete”. São falhas até perdoáveis na busca do preço mais baixo possível. Isso fica claro no modelo, que é um top de linha, mas não tem, por exemplo, acendimento automático dos faróis, retrovisor fotocrômico, ar-condicionado automático ou traseiro, faróis com LEDs ou sistemas de assistência ao motorista; a economia da Citroën foi tão grande -mas sem perder a dignidade- que ele traz apenas quatro airbags… De qualquer forma o interior é agradável, o painel bem desenhado e a economia está bem disfarçada.

INTERIOR/ACABAMENTO – O acabamento do interior é simples, mas bem cuidado.Há um excesso de plástico e ausência de qualquer material nobre. O painel de instrumentos permite algumas configurações e traz as informações necessárias. Algumas falha fáceis de corrigir: a posição dos comandos elétricos dos vidros traseiros junto ao console, e um conjunto de botões escondidos no lado esquerdo (incluindo o seletor de modo Sport), regulagem dos retrovisores e destravamento das portas. 

Os bancos são revestidos de tecido, mas com boa qualidade e costuras visualmente interessantes. A cabine é realmente espaçosa e três adultos se acomodam no espaço traseiro sem maiores apertos; por ali, o espaço permite que ombros, cabeça e pernas esteja entre os melhores do segmento. 

DIMENSÕES – Como já dissemos, o C3 Aircross é um carro espaçoso. As boas dimensões ajudam nisso. Tem 4320 mm de comprimento, 1720 mm de largura, 1673 mm de altura, 2675 mm de entre-eixos, 493 litros de capacidade no bom porta-malas e pesa 1216 kg. A distância entre-eixos é maior, por exemplo, que a do Renault Duster (2.673 mm), Volkswagen T-Cross (2.651 mm), Pulse (2.532 mm), Spin (2.620 mm) ou Renegade (2,570 mm). O resultado disso é que, no interior do habitáculo, a amplitude vai agradar a quem busca espaço, afinal são 34 cm a mais no comprimento que no hatch

CONCLUSÃO – O C3 Aircross é um SUV muito interessante. A Citroën suou sangue para colocar o modelo numa faixa boa de preço pelo seu porte, mas precisou economizar muito para chegar a esses valores, inclusive eliminando detalhes que podem assustar os clientes. A marca poderia não pensar tanto no C3 hatch e sim em trazer mimos e refinamentos para o Aircross. Bom motor, boa suspensão e bom preço, afinal, onde termina o preço deste modelo, começa o preço dos concorrentes.

Se a busca for por bom espaço interno, o C3 Aircross justifica a economia da fábrica para chegar a valores menores. E nem estamos falando da versão de sete lugares. No fim das contas, o Aircross chama atenção pelo tamanho e pelo aproveitamento do espaço interno (de novo, não chegamos ainda aos sete lugares…). É claro que algumas economias podem desagradar, mas é preciso considerar que faz parte de um projeto bem pensado, que possibilita os preços competitivos no final. Como sempre, a fórmula custo/benefício é sempre sedutora.


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