O Citroën CX Familiale e seu recorde ridículo
Legítimo sucessor do antológico DS, o Citroën CX foi lançado em 1974 e, durante os longps 17 anos em que foi comercializado, teve produzidas mais de 1,1 milhões de unidades. É um número de respeito, que se justifica, entre outras coisas, ao desenho aerodinâmico e futurista, e ao conforto extremo, graças à suspensão hidropneumática. Funcionava bem na Europa, mas os carros da marca comercializados aqui com esse recurso se tornaram o pesadelo dos motoristas.
Além destas qualidades que elevaram o CX à imortalidade na história do automóvel, há uma outra bem peculiar: os seus para-sóis (ou quebra-sóis). Não por serem particularmente estilizados ou diferentes inéditas, mas sim pela quantidade.
por Marcos Cesar Silva
O CX foi talvez o auge da “nave espacial” da Citroën, sendo introduzido no mercado em 1974 como substituto do DS. O CX foi o último Citroën projetado e construído antes da falência e fusão/aquisição da marca com a Peugeot em 1976 e, como resultado, o CX mantém todas as estranhas e maravilhosas características da Citroën aplicadas em carros como o DS: suspensão hidropneumática, carrocerias absurdamente aerodinâmicas e muito conforto, a ponto de serem comparados a “um sofá boiando num lado de pudim”. Exagero, claro.
Observe a foto abaixo, do maravilhoso painel, para começar a entender a essência do projeto. Se funcionava ou não, é outra questão.
Havia um modelo wagon do CX também, conhecido como Familiale, e este é o carro sobre o qual vamos falar especificamente, porque é o carro recordista de uma métrica automotiva muito específica. Não é o mais rápido (o CX usava os mesmos motores que o DS, por isso não era exatamente um “foguete”, apesar do visual) ou o maior ou o mais silencioso ou outras coisas que você costuma pensar no superlativo. Mas ele tinha uma característica particular que não vemos em outro carro, antes ou depois. Essa característica é a quantidade de para-sóis.
A grande maioria dos carros tem dois, na dianteira, para cada banco da frente. Um outro carro, que conhecemos, tem mais dois: o Porsche 928 usa mais um conjunto, no vidro da tampa traseira, para não cozinhar os miolos de quem vai atrás (abaixo).
Então, a contagem é principalmente dois em 99% dos carros ou quatro (em 1%), mas talvez haja alguns outros usuários de quatro quebra-sóis por aí, mas com certeza há apenas um carro com seis: o Citroën CX Familiare.
Isso mesmo, seis! Há os dois normais na frente, e depois os engenheiros da Citroën, tendo descoberto que a rotação da Terra faz com que o sol pareça se mover pelo céu -junto com o fato de que o CX por ser completamente móvel poderia ser posicionado em qualquer local que admita luz solar direta em qualquer uma de suas janelas- decidiu que cada passageiro merece ser capaz de bloquear os poderosos raios do sol e, como resultado, cada janela recebe seus próprios quebra-sóis. Bem, exceto o vidro traseiro.
Você pensaria que quatro seriam suficientes, mas o Familiale tem previsão para um banco na terceira fila, e esses ocupantes também têm olhos que precisam de proteção, então são seis desses equipamentos.
Imagine se você tivesse um CX e depois ficasse rico de alguma forma, e decidisse se deliciar com algum automóvel novo e luxuoso, como um Rolls-Royce, sem dúvida o Pelé dos automóveis. Você entra, admira o couro macio, a madeira nogueira bem tratada e, em seguida, olha no espelho retrovisor enquanto seus entes queridos se acomodam em confusão, procurando os quebra-sóis do banco traseiro, que simplesmente não existem.
Preocupante, não é? Ninguém vence o CX no quesito quebra-sóis. E por isso, nessa única situação, o motorista de um Cx pode olhar com desprezo para o colega ao volante de um Rolls Royce. Caso você saiba de algum carro de seis ou mais quebra-sóis que não citamos, mande notícias. Até lá, a wagon Cx segue ostentando o ridículo recorde mundial de automóvel com o maior número de quebra-sóis a bordo…