O Ford Aurora 1964 e seu GPS primitivo
Apresentado em 1964 na Feira Mundial de Nova Iorque, o conceito (ou será “dream car”?) Ford Aurora tentava prever como seriam as “station wagons” familiares do futuro. Curiosamente, vinha equipado com uma espécie de sistema GPS da pré-história.
Hoje o recurso, eletrônico, está presentes na maioria dos automóveis e “smartphones”, mas na verdade os sistemas de navegação só surgiram na indústria automotiva há cerca de 30 anos. Até então, os motoristas e ocupantes dos carros tinham de recorrer aos consagrados mapas impressos (um bom mapa de Los Angeles, por exemplo, tinha cerca de 200 páginas…), mas isso não impediu a Ford de tentar criar um sistema que informasse ao motorista, em tempo real, onde estava.
por Ricardo Caruso
E o resultado dessa vontade de inovar e facilitar a vida do motoristas no Ford Aurora foi o que a marca exibiu em 1964. Com estilo tipicamente norte-americano, repleto de maravilhosos exageros de estilo, este protótipo pretendia imaginar como seriam as “wagons” do futuro.
Entre os seus destaques, além do “GPS”, encontramos as portas laterais assimétricas (duas do lado esquerdo e apenas uma do lado direito) e ainda a tampa do porta-malas com abertura bipartida, com a parte inferior servindo como escada de acesso à terceira fila de bancos.
Apesar de as suas linhas não deixarem ninguém indiferente (estamos falando de 1964), uma das maiores atrações da “wagon” que a Ford levou à Feira Mundial de Nova Iorque estava mesmo no seu interior. Estamos falando daquela que pode ser considerada a primeira ideia de um sistema de navegação. Numa altura em que o sistema de GPS era pouco mais do que uma previsão dos livros de ficção científica, a Ford decidiu instalar um sistema de navegação no seu protótipo.
Colocado no painel, este sistema mais não era do que um mapa colocado atrás de um vidro com um ponto fixo no display que se ajustava automaticamente e indicava no mapa o local onde o carro estava. Apesar de inovador, este sistema não indicava como chegar ao destino, opções de trajeto ou outras informações. ao contrário dos GPS modernos. Na verdade, mesmo com o sistema despertando muita curiosidade, nunca foi revelado se e como é que ele funcionava.
Além disso, o seu uso no mundo real exigiria que se viajasse com dezenas e dezenas de mapas a bordo para qualquer lugar que se fosse, mas mesmo tosco, já era um grande avanço numa época em que para nos conseguirmos localizar tínhamos de saber usar uma bússola.
Por fim, ainda no interior deste protótipo havia um minibar, um rádio AM/FM e até uma TV. Já o volante foi substituído por uma espécie de manche de avião. Feliz ou infelizmente, a maioria das soluções incorporadas neste estudo nunca chegaram a entrar em produção, incluindo o seu sistema de navegação. Em 1969 a Ford mostrou em Salões a Aurora II, que era apenas a aplicação de algumas ideias da Aurora de 1964 na Country Square de série.