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Teste: Chevrolet Onix RS

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O Brasil sempre foi uma espécie de paraíso de carros esportivados, aquelas versões que ganham decoração diferenciada (faixas), um ou outro detalhe mais sofisticado (console, instrumentos, volante e bancos diferentes) e nem, sempre profundas alterações mecânicas que justifiquem classificá-los como “esportivos”. Por isso ficam na categoria “esportivados”.

De Esplanada GTX, Corcel GT, Passat TS, Opala SS, Maverick GT, Chevette GP, Monza SR e Dodge Charger R/T, passando por Uno 1.5R, Escort XR3, Gol GT, Ka XR e Kadett GS até desaguar nos atuais Argo HGT, Polo GTS e Sandero R.S. -entre muitos outros- estes carros com siglas e sobrenomes pomposos e algum apelo esportivo sempre tiveram ótima aceitação entre os consumidores brasileiros. E no restante do mundo também.  

por Ricardo Caruso

No ano passado, a Chevrolet voltou a participar dessa fatia de mercado com o visualmente interessante Onix RS.  Dizemos visualmente, pois a marca perdeu a oportunidade de criar um bom concorrente para o Renaul Sandero R.S. Com certeza alguém na GM brigou por equipar a versão com o motor 1.2 turbo do Tracker (que tem 133 cv de potência e 21,4 mkgf de torque, máximos), câmbio manual de seis velocidades, suspensão mais baixa e firme e nova calibragem da direção. Mas também, com a mesma certeza, alguém foi lá e cortou a brincadeira. Os tempos são outros.

Coube ao Onix ressuscitar a linha de esportivos dentro do catálogo da marca no Brasil. Está mais do que claro que a ideia da marca é criar o vínculo de alguns de seus carros com a esportividade, atendendo esse nicho do mercado, mesmo que com atributos apenas visuais. Afinal, hoje em dia é importante parecer, e não ser… Para isso, nada mais óbvio do que investir na sigla RS, adotada nos Estados Unidos desde a década de 1960. Por isso, o Onix RS foi projetado com muita atenção no visual, sem diferenças mecânicas ou técnicas. Em época de SUVs, isso já é um grande passo. 

Como sempre acontece com projetos de fábrica, as mudanças estéticas aplicadas no Onix que leva a sigla RS (Rally Sport) foram de bom gosto e ficaram bem equilibradas no modelo.  Entre as diferenças para os Onix não esportivos, chamam atenção a grade com o logo da versão, faróis e lanternas escurecidas, cobertura dos retrovisores e teto pintados em preto, saias laterais, aerofólio (de desenho muito bonito, diga-se de passagem) na tampa traseira e rodas de liga leve de 16 polegadas com desenho exclusivo e pintura preta. 

No interior, o Onix RS traz excelente acabamento, com o revestimento dos bancos em tecido e material sintético com costuras vermelhas, forrações escuras no teto e colunas e detalhes em vermelho em vários itens, como costuras do volante, grafismo dos instrumentos e molduras das saídas de ar no painel. O RS estreou na linha Onix a tela maior, de 8 polegadas, para a central multimídia. 

Na lista de equipamentos de série e recursos a versão traz ainda sensor de estacionamento, sistema de som com seis alto-falantes, “cruise control” e limitador de velocidade, ar-condicionado, direção elétrica e acionamentos elétricos de vidros/travas/espelhos. Como todas as versões do Onix, traz de fábrica seis airbags e os controles de tração e estabilidade. A câmera de ré não faz parte da lista, apesar de disponível na versão Premier. 

Sem ser um esportivo genuíno, ele cumpre bem seu compromisso. Acelera de zero a 100 km/h em pouco menos de 11 segundos, com seu motor 1.0 turbo e câmbio automático de seis marchas. Ágil nas acelerações e retomadas, apresenta ainda bons números de consumo, fazendo com gasolina em torno de 10 km/litro em uso urbano e 14 km/litro na estrada, desde que dirigido sem abuso.

Na parte mecânica. suspensão, direção e freios tem os mesmos ajustes das outras variações que usam turbo e câmbio automático da linha. É um carro agradável de ser dirigido, com rodagem bem calibrada e direção elétrica que responde sempre de forma rápida e precisa; o mesmo vale para o conjunto de freios, com discos na dianteira e tambores na traseira. 

 

Considerando a faixa de preço e o perfil do consumidor onde o Onix RS vai disputar mercado no Brasil, a Chevrolet no fim das contas criou um bom “pacote”. Apesar do câmbio manual ser mais desejado nos esportivos do que o automático, a maioria dos compradores nessa faixa de preço vai preferir mesmo esse último, além do carro não oferecer comportamento realmente esportivo que justifique o câmbio manual. Quanto aos motivos para não usar o motor 1.2 turbo no esportivo, a GM alega razões tributárias: o motor maior pagaria mais IPI , o que elevaria o preço final do RS. Resta saber se os consumidores em busca de algo mais esportivo e exclusivo não estariam dispostos a pagar algumas moedas a mais para ter um carro definitivamente mais interessante.

Mesmo assim, o Chevrolet Onix RS é uma das melhores opções hoje para quem quer um hatch compacto que foge da mesmice. Para quem quer um “esportivo”, e não um ESPORTIVO, agrada no Chevrolet o preço pelo conteúdo que oferece, além de desempenho razoável e dentro de sua proposta. O seu maior concorrente é o Renault Sandero R.S. (motor 2.0 aspirado e câmbio manual), que vai adiante de ser apenas visualmente esportivo e traz mudanças mecânicas interessantes, mas custa R$ 99. 490. 

Hoje com preço de tabela de tabela R$ 79.780, o Onix RS é oferecido nas cores Branco Summit (sólida, a cor do carro que avaliamos) e as metálicas Preto Ouro Negro e Vermelho Carmin.


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