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BLOG DOS CARUSO: O PORSCHE 911 É CINQUENTÃO

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Se há carro que consegue emocionar várias gerações e ser unanimidade, o Porsche 911 é esse carro. A maioria dos motoristas, quando perguntada sobre o carro dos sonhos, vai suspirar e responder: “o Porsche 911”. Um sonho que dura 50 anos.

Sempre que se fala em Porsche, de imediato vem à memória as formas tradicionais do 911, o modelo da casa alemã mais vendido de todos os tempos. Segundo dados oficiais, saíram da fábrica cerca de 820.000 unidades do sucessor do Porsche 356, o que o torna no “best-seller” da empresa fundada por Ferdinand Porsche.

T7, um dos primeiros protótipos do 911.
T7, um dos primeiros protótipos do 911.

Apresentado em setembro de 1963 como modelo 901, no Salão de Frankfurt, logo a Porsche foi obrigada a alterar a designação do carro por imposição da Peugeot, pois os franceses haviam patenteado todas designações de automóveis com três dígitos e um zero no meio. A Porsche batizou então o seu novo produto de 911. Estava dada a largada para uma história de sucesso.

356 AO 911

É preciso voltar ao 356 para entender em quais as circunstâncias o 911 surgiu. Quando apareceu o primeiro protótipo em 1948, a marca começava sua carreira no mundo do automóvel, depois de ter se ocupado com a produção de tratores, cabos de aço para guinchos e até mesmo teleféricos. Outro dos negócios da Porsche era a recuperação de veículos militares alemães. Mas foi realmente com o surgimento do 356 que a marca iniciou nova era da sua existência. Para se ter idéia do sucesso deste modelo, a Porsche produziu entre 1948 e 1950 52 unidades do 356/2, sendo que 44 unidades eram cupês e as demais cabriolet. Estas unidades foram montadas à mão em Gmünd, na Áustria, e só em 1949 a marca regressou para Stuttgart.

O 356 Speedster.
O 356 Speedster.

O motor do 356/2 era boxer de quatro cilindros, com 1.086cm3 de capacidade e 40 cv de potência, montado atrás do eixo traseiro, o que permitia maior espaço interno na parte de tras, para acomodar alguma bagagem ou mesmo alojar duas crianças As carrocerias fechadas feitas de alumínio tinham excelente aerodinâmica, mesmo sem nunca terem sido testadas em túnel de vento. O sucesso foi tamaño que a marca teve que desenvolver o projeto 356 e, em 1954, apresentou o 1500 Coupé, onde além da maior capacidade do motor (1.488cm3) mais potência (55 cv), ganhou algumas alterações na parte externar. Uma delas era o pára-brisas, que passou a ser inteiriço. Apelidado de “Knickscheibe” –designação em alemão de pára-brisas curvo- esta versão recebeu ainda pára-choques separados da carroceria e novo desenho interno.

O surgimento do 356 A 1600 S Speedster em 1958 foi uma resposta do construtor alemão às exigentes normas do mercado norte-americano, a partir do pedido feito por Max Hoffmann, importador local. Uma vez mais, a Porsche realizou diversas melhorias no 356, como a maior inclinação do pára-brisas. Em termos de segurança, os vidros laterais eram feitos de plástico.

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Passados quatro anos, em 1962 a versão 1600 recebeu a versão GS Carrera GTL Abarth, pequena série que fez muito sucesso em nível esportivo, graças ao desenho feito por Franco Scaglione. Com o 356B 1600 GS Carrera GTL Abarth, a marca venceu o Campeonato Mundial três vezes e foi o melhor da sua classe na “Targa Florio” de 1962. Em termos de produção normal, a Porsche anunciou naquele mesmo ano a versão Cabriolet do Carrera 2, onde curiosamente os freios utilizados derivavam do Porsche 804 de Fórmula 1. Em 1963 apareceu o 356 B Coupé com 75 cv.

A REVOLUÇÃO

Foi em 1956 que a Porsche resolveu investir em um novo projeto, não necessariamente substituto do 356. As diretrizes dadas por Ferdinand Porsche eran para um carro deve ter quatro lugares, mais largo do que o 356. No entanto, Porsche foi obrigado a alterar os planos, pois se o novo carro tivesse quatro lugares, iria concorrer direto com marcas como a Daimler-Benz, impensável para uma marca pequena como a Porsche. Passaram então a trabalhar num carro de dois lugares, como o 356, ao mesmo tempo que se buscava alguma no pioneiro, mas com interior mais luxuoso, maior espaço interno e motor de seis cilindros, com mais potência. O primeiro protótipo do 911 (ou do 901) recebeu o código 695 e, msmo com a frente bastante semelhante à que conhecemos do 911, a traseira era completamente diferente, com o teto vincado e vidro traseiro bem grande.

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Durante o verão de 1964, o 911 entrou finalmente em produção e enquanto muitos apostavam que a Porsche nunca mais iria reencontrar seu espírito esportivo que marcou o 356, por conta do elevado peso do carro e seu interior luxuoso, a verdade é que a imprensa especializada recebeu bem o carro. Após ter lançado o 911 em 1963, a marca alemã achou oportuno produzir uma versão intermediária entre o 356 e o 911. Era o 912, menos luxuoso que o 911, utilizando ainda o mesmo motor do 356. Mesmo sendo considerado o “primo pobre” da marca, o 912 chegou em 1965 com vários atributos, entre eles a boa aerodinâmica, a carroceria rígida e o visual externo do 911. Em termos comerciais, o 912 foi outro sucesso, com volume de vendas de 9.000 unidades em 1965 e 13.000 em 1966.

Em termos de novidades, a marca alemã mostrou ainda em 1965 a versão Targa do 911. Se a Porsche pensou numa primeira fase equipar o Targa apenas com um tradicional “santoantonio”, a versão final mostrou o contrário, com uma estrutura de aço bem larga e destacada. As novidades não se ficaram por aqui em 1966, pois foi apresentada a versão S do 911, mais “musculosa” –com acréscimo de 30 cv e visual mais agressivo, em parte graças às rodas Fuchs. Porém, os responsáveis da marca confidenciaram aos jornalistas que o S era inguiável quando levado a extremos e que facilmente o motorista perdia o controle, sem qualquer aviso prévio por parte do carro, o que a Porsche tentou remediar colocando um lastro de 11 kg na dianteira do carro, para tentar melhorar a estabilidade.

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Ainda na versão S, o mercado norte-americano deixou de receber este modelo por motivos ambientais durante alguns anos. Por isso a Porsche lançou o 911 L, que era o 911 S adaptado às normas dos Estados Unidos. Em termos de potência, o 911 S europeu tinha 190 cv. A versão E,  por sua vez, tinha 160 cv na Europa e, nos Estados Unidos, 140 cv.

NOVIDADES EM 1969

A Porsche reconhecia que seu carro não era isento de falhas e, assim, quando apresentou a Série B em 1969, mostrou várias melhorias. Um dos trabalhos foi mover as rodas traseiras 57 mm mais para trás, melhorando desta forma a distribuição de massas. Isso deixou o 911 mais estável, que era um dos seus pontos críticos. O chassi também foi alargado em algumas versões, o que permitiu maior espaço interno. Com o passar dos anos, a marca foi evoluindo o 911 e, de 1969 até 71, o motor cresceu de 2.2 até 2.4 litros. O 911 Carrera RS com motor 2.7 de 210 cv e menos de 1000 kg de peso, foi uma atração nas pistas.

 Dez anos após a apresentação do 911, os engenheiros voltaram seus esforços para revelar a versão G. Produzido entre os anos de 1973 e 1989, esta série foi aquela que permaneceu durante mais tempo no portfólio da Porsche. As melhorias eram evidentes, como a introdução de pára-choques reforçados, imposição para o carro passar nos testes de colisão nos Estados Unidos. Ainda na área de segurança, os 911 ganharam cintos de três pontos como equipamento de série, além de encostos de cabeça integrados.

Em 1974 surgiu o 911 Turbo, um marco na história da marca. Com motor 3.0 de 260 cv e enorme spoiler traseiro, esta foi uma excelente combinação de luxo e desempenho. O passo seguinte foi a apresentação da versão com motor 3.3, turbo e intercooler. Com 300 cv, logo virou referencia entre os esportivos. Em 1983 o 911 Carrera com motor aspirado foi substituído pelo SC, com motor de 3.2 e 231 cv. Os fãs de carros arrefecidos a ar podiam escolher também a versão cabriolet do 911 nesta versão. Mais recentemente, o 911 Carrera Speedster surgiu em 1989, evocando o 356.

Quando todos esperavam que a Porsche fosse anunciar o fim do 911 em 1988, a marca surpreendeu com o 911 Carrera 4, conhecido como 964. Após 15 anos de produção sob a mesma plataforma, a Porsche refez a base com 85% de novos componentes, conferindo ao novo projeto o status de um carro moderno. Com motor boxer 3.6 litros arrefecido a ar, o carro tinha de 250 cv. Em termos estéticos, o Carrera 4 divergia dos seus antecessores apenas em pequenos detalhes, como os pára-choques feitos de poliuretano e um spoiler traseiro que se erguia automaticamente a partir de certa rotação do motor.

Concebido para agradar aos mais puristas admiradores da marca alemã, o 964 era bastante confortável, algo a que a Porsche nunca tinha satisfeito totalmente seus clientes. Além disso, o carro tinha ABS, caixa de velocidades Tiptronic, direção assistida e airbags, e era feito a partir de um chassis completamente redesenhado, com braços de liga leve ns suspensões e molas no lugar das anteriores barras de torção. Um elemento revolucionário na linha 911 foi o Carrera 4 com tração total. Depois vieram os Carrera Coupé, Cabriolet e Targa, além da versão bem preparada do 964 Turbo, a partir de 1990. Inicialmente, esta última versão tinha motor 3.3, passando o Turbo a disponibilizar -a partir de 1992- respeitáveis 360 cv com o motor de 3.6.

O ÚLTIMO “A AR”

O 911 designado internamente como 993 continua na lembrança dos porschistas, apesar de ter sido apresentado em 1993. Uma das razões para isso era o prazer ao dirigir que proporcionava, associado à elegancia do desenho. Os pára-choques integrados no conjunto conferiam à dianteira visual bastante agressivo. Naturalmente que o desempenho desta nova aposta da marca tinha que ser referencia, e assim os técnicos da Porsche garantiram ao 993 agilidade e desempenho de tirar o fôlego, em especial por conta do novo chassis de alumínio. A versão Turbo foi a primeira a receber o motor biturbo. Enquanto isso, o 911 GT2 afirmava-se no plano esportivo. Quanto ao Targa, destaque para o teto elétrico, transparente. Produzido entre os anos de 1993 a 1998, esta foi a última geração do 911 arrefecido a ar.

1997

Quando a Porsche mostrou à imprensa o 996, a imprensa especializada elogiou as mudanças realizadas no então mais recente 911. E não era para menos, uma vez que mesmo sob a designação de 911, esta nova aposta era bastante radical diante do 1ue a marca tinha produzido até então. Comeándo pelo motor bóxer, que passou a ser arrefecido a água. Com quatro válvulas por cilindro, chegava aos 300 cv e teve redução de emissões de gases e de ruído, além de menor consumo de gasolina. Em termos estéticos, nota de destaque para a reinterpretação das linhas clássicas do 911, só que com menor Cx. As linhas do 996 eram resultado dos estudos realizados no Boxster. Quanto à estética, foram os faróis com piscas integrados que se destacaram. Este item, bastante criticado inicialmente, foi mais tarde seguido por muitas montadoras. No interior, o motoristaa estava cercado de melhorias. Com o 996, a marca alemã apresentou uma enorme linha. O 911 GT3 foi um dos mais esportivos representativos da Porsche em 1999, mantendo-se assim vivo o Carrera RS. O 911 GT2, por ssua vez, foi o primeiro carro equipado de fábrica com freios com discos de cerâmica, iniciando a sua produção em 2000.

997 AO 991

Foi em julho de 2004 que a Porsche troouxe ao mundo mais uma geração do 911, nas versões Carrera e Carrera S. Com a frente lembrando as primeiras versões do 911, o 997 oferecia muito mais do que simplesmente estilo. O motor era 3.8 boxer na versão Carrera S, onde se podia usufruir de 355 cv. O chassis sofreu evolução importante, com a introdução do sistema de suspensão ativa da Porsche como equipamento standard. Em 2006 surgiu o 911 Turbo, primeiro veículo turbo que usava compressor de geometria variável. Graças à evolução do sistema de injeção e embreagem dupla, o 997 ficou ainda mais eficiente em 2008. Nesta altura, nunca a linha 911 tinha sido tão completa e tão agradável aos clientes Porsche, com as versões Carrera, Targa, Cabriolet, tração traseira ou integral, Turbo, GTS, séries especiais e propostas para competição GT, num total de 24 versões.

O 911 apresentado em 2011 ficou conhecido como 991, e representa o maior achado tecnológico da marca fundada por Ferdinand Porsche. Com suspensões completamente novas, chassis mais longo, bitolas mais largas, pneus maiores e interior muito ergonómico, a Porsche se instalou num patamar muito elevado.

O Porsche 991.
O Porsche 991.

Em termos técnicos, destaque para a redução de consumo de combustível, a pesar do melhor desempenho. Com motor de menor capacidade cúbica, 3.4 litros, herdado da versão básica do Carrera, a marca conseguiu graças à combinação de alumínio e aço, reduzir o peso total do carro. Outras inovações foram o uso do Porsche Dynamic Chassis Control (PDCC) e da primeira caixa manual de sete velocidades. Com um desenho bastante agradável, a sétima geração do 911 Carrera continuou a ser um dos melhores desenhos de carro já conseguidos no mundo automóvel.

Que comecem os próximos 50 anos.


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