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Aos 85 anos, morreu Marcello Gandini, lenda do desenho de automóveis

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Velocidade é algo que se mede ou que se sente, mas não para Marcello Gandini, lembrado por criar alguns dos desenhos de automóveis mais icônicos e celebrados da história. Se alguém podia explicar velocidade em um desenho, esse alguém era ele.


por Ricardo Caruso

O italiano Marcello Gandini, um dos desenhistas de automóveis mais celebrado e influente do mundo, faleceu ontem, dia 13 de março. Nascido em Turim, em 26 de agosto de 1938, a carreira de Gandini como desenhista de automóveis atingiu o auge quando ele foi trabalhar para o estúdio Bertone, mas é indiscutivelmente mais conhecido por assinar alguns dos modelos Lamborghini mais impressionantes da história da empresa, incluindo o Miura, Countach e Diablo.

Gandini introduziu pela primeira vez o conceito de abertura de portas tipo “tesoura” no conceito Alfa Romeo 33 Carabo de 1968, antes de aplicá-las nos Countach e Diablo. Isso se tornou uma das características mais marcante dos principais esportivos da Lamborghini.

E embora seja mais famoso por seu tempo na Lamborghini, Gandini também deve ser lembrado por projetar outros carros italianos famosos, como o Ferrari Dino 308 GT4, Fiat X1/9, Lancia Stratos, Maserati Quattroporte II e IV, Maserati Shamal/Ghibli II e Alfa Romeo Montreal. Todos devem ser aplaudidos em pé!

E mais, o talento de Gandini estendeu-se a muitas marcas de automóveis europeias, moldando por exemplo o primeiro Volkswagen Polo, o Renault 5 Turbo, o Citroen BX, o conceito Bugatti EB110 e o primeiro BMW Série 5 (E12).

No final de 2021, após a apresentação do novo Lamborghini Countach de inspiração retrô –baseado no Aventador– Gandini declinou publicamente a homenagem: “Marcello Gandini esclarece que não participou e não aprova o projeto”, dizia o comunicado na época. “Construí minha identidade como designer, principalmente quando trabalho em supercarros para a Lamborghini, em um conceito único: cada novo modelo em que trabalharia seria uma inovação, um disjuntor, algo completamente diferente do anterior”, prosseguiu ele. “A coragem, a capacidade de criar uma pausa sem se ater ao sucesso do carro anterior, a confiança em não querer ceder ao hábito foram a própria essência do meu trabalho”. Gandini disse aos jovens que se iniciavam nessa carreira: “Lute para não fazer o que os outros já fizeram, e também não se repita”.

Além dos automóveis, o italiano também trabalhou na arquitetura de casas, no interior de uma boate, em móveis e no estilo da carroceria do helicóptero Heli-Sport CH-7. “Meu pai era maestro de orquestra e queria que eu me tornasse pianista”, disse Gandini ao público quando recebeu um diploma honorário em engenharia mecânica. “Só quando ele embarcou no Lamborghini Miura entendeu que eu sabia tocar outras notas: as dos motores”.

“As origens da minha formação residem numa tradição familiar que não permitiu muitas digressões: a saída natural foram os estudos humanísticos, literários e clássicos“.

Marcello Gandini tinha 85 anos.


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