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De herói a preso, brasileiro Carlos Ghosn será demitido da Nissan

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Um dia herói, no outro vilão. Este é um exemplo de como jogar uma bela carreira no lixo. A Nissan está preparando a demissão do brasileiro Carlos Ghosn. O motivo? Não declarar a totalidade do seu salário e utilizar recursos da empresa para benefício pessoal, afirmou um porta-voz da Nissan. O executivo está atrás das grades.

 

Ghosn foi preso por possíveis violações das leis financeiras do Japão (a chamada “fraude fiscal”), noticiou o site nipônico Yomiuri. Hiroto Saikawa, chefão da Nissan, irá recomendar ao Conselho de Administração a demissão de Ghosn, afirmou Nicholas Maxfield, porta-voz da marca. A empresa também irá propor a demissão de Greg Kelly, membro do Conselho, que subiu na hierarquia executiva da Nissan como diretor de recursos humanos.

A Nissan acredita que Ghosn, até então todo-poderoso, declarou salário inferior ao recebido ao longo de vários anos e que utilizou abusivamente de recursos da empresa em benefício próprio. E, de acordo com Maxfield, Greg Kelly estaria “profundamente envolvido” em todo o esquema. Sobre o sucessor, o porta-voz da Nissan não adiantou qualquer nome.

A montadora, que também atua no Brasil, revelou ainda que estava conduzindo há vários meses uma investigação interna envolvendo Ghosn e Kelly na sequência de uma denúncia. “A investigação mostrou que, ao longo de vários anos, Ghosn e Kelly relataram valores de salário no relatório de valores imobiliários da Tokyo Stock Exchange que eram menores do que o valor real, a fim de reduzir a quantia divulgada da retirada de Carlos Ghosn”, explica o comunicado da empresa japonesa.

A Nissan adiantou ainda que descobriu vários outros “atos significativos de má conduta”, incluindo o uso pessoal de dinheiro da empresa, e que está cooperando com as autoridades locais: “A Nissan pede desculpas por causar grande preocupação aos acionistas. Continuaremos o nosso trabalho para identificar e debelar todos os problemas”.

Nascido no Brasil, descendente de libaneses e cidadão francês, Carlos Ghosn iniciou sua carreira na Michelin em França, seguindo depois para a Renault, onde foi considerado “gênio”.

Foi para a Nissan em 1999, tendo sido escolhido para CEO -ou chefão- em 2001, lugar que ocupou até ao ano passado. Em junho deste ano, os acionistas da Renault aprovaram o salário de Ghosn de US$ 8 milhões a serem distribuídos pelos resultados do último ano. Além disso, Carlos Ghosn teria lucrado mais US$ 10 milhões no seu último ano como presidente executivo da Nissan. Salvou a Nissan da falência e era reverenciado pelos japoneses, transformando-se não só numa figura idolatrada, como também em exemplo top entre os executivos da área, a ponto de se tornar até personagem de história em quadrinhos. Nesse momento está vendo o Sol Nascente… só que quadrado!  


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