Dos arquivos da Ford: há 30 anos, o Mustang que salvou o Mustang
A terceira geração do Ford Mustang foi lançada em 1979 e durou até 1993, quado a marca apresentou a quarta geração do modelo. A Ford já havia decretado -em 1989- o fim do Mustang, mas um grupo de engenheiros e executivos -fãs do modelo- pediram a oportunidade de tentar criar um substituto para ele. Meio desconfiada, a Ford autorizou. Felizmente, gostou tanto do resultado, que desistiu de aposentar o esportivo, e assim esta nova geração foi produzida entre 1994 a 2004. Foi a maior reformulação do Mustang em 15 anos, e o carro foi apresentado em novembro de 1993, com o lançamento oficial ocorrendo em 9 de dezembro daquele ano.
por Ricardo Caruso
O projeto (que foi batizado de “SN-95” pela Ford) começou em 1989 mesmo, tinha por base uma versão atualizada da plataforma Fox, e foi o último veículo Ford com esta plataforma. A estilo foi definido por Patrick Schiavone, que incorporou alguns elementos visuais dos clássicos Mustang. Com esta geração, um modelo conversível voltou ao catálogo, mas as carrocerias notchback e hatchback anteriores foram descontinuados em favor de um desenho cupê convencional de duas portas. Nascia assim um carro bastante elegante e de personalidade.
Antes do lançamento do Mustang de quarta geração, um show car de dois lugares foi projetado por Darrell Behmer e Bud Magali. Chamado de Mustang Mach III, foi mostrado no Salão de Detroit de 1993 e insinuou como seria o novo Mustang de produção.
O Mach III apresentava um motor 4.6V8 DOHC sobrealimentado com potência de 450 cv. Embora este motor não tenha sido colocado em produção, ele sugeriu o uso futuro do V8 modular da Ford no Mustang, incluindo o eventual uso desta versão de 4,6 L sobrealimentada.
O Mustang básico apresentava o 3.8V6 OHV Essex da Ford acoplado a uma transmissão manual de cinco velocidades ou transmissão automática AOD opcional de quatro 4 velocidades. O V6 produzia 145 cv a 4.000 rpm e 21 mkgf de torque a 2.500 rpm. Para 1996, o motor V6 básico ganhou 5 cv de potência com um novo módulo de controle do trem de força (PCM), o EEC-V. A transmissão AOD foi substituída pela transmissão automática de quatro velocidades 70R4W.
A Ford investiu US$ 700 milhões para melhorar a plataforma Fox para o Mustang 1994. Esforços foram feitos para melhorar a dirigibilidade do carro, bem como reduzir os níveis de ruído, vibração e aspereza (NVH) em relação à geração anterior. A suspensão dianteira do Mustang é tipo McPherson com braços de controle inferiores mais longos, barra estabilizadoras e outras melhorias em relação aos Mustang de 1993 e mais antigos. Na traseira, foi utilizado um eixo rígido com ligação por quatro barras. A relação padrão do diferencial do Mustang 1994 era de 2,73:1, embora isso tenha sido posteriormente alterada para 3,27:1. Todos os Mustangs receberam freios a disco nas quatro rodas de série, embora o sistema ABS fosse opcional.
Junto com seu novo exterior, o Mustang 1994 recebeu interior todo novo. A cabine do Mustang apresentava um layout de “cockpit duplo” que era adornado com contornos e curvas por todos os lados, semelhante a outros Ford da época, como o Thunderbird. O Mustang 1994 oferecia muitos opcionais, alguns dos quais mais tarde se tornaram equipamentos de série.
O “pacote” de equipamentos mais comum trazia vidros, retrovisores, bancos e travas elétricas, abertura e travamento das portas remoto, ar-condicionado, controle de velocidade de cruzeiro e redinha de carga no porta-malas. Também estava disponível o sistema de som multi-alto-falante Mach 460 da Ford com 230 watts e CD Player. Todos os Mustang 1994 tinham cintos de segurança de três pontos e airbags frontais duplos de série. O desenho da lanterna traseira para 1996 mudou de três faixas horizontais para três seções verticais, mais de acordo com a tradição clássica do Mustang. A produção desta geração durou até outubro de 1998, quando ganhou um facelift, mas isso é outra história.
OS CONCEITOS
Correndo contra o tempo -mas “protegidos pelo então presidente da empresa- os engenheiros, projetistas, desenhistas e demais técnicos muitas vezes trabalharam fora do expediente, na luta para salvar o carro. Confira a seguir como evoluiu o projeto da quarta e salvadora geração do Mustang.