Ford no cinema: “e o Oscar vai para…”
A história do cinema não é feita apenas por atores e atrizes e diretores e técnicos e outros humanos. O que não faltam são estrelas e astros de quatro rodas, que muitas vezes acabam sendo os principais protagonistas. Entre esses, muitos têm algo em um comum: trazem o símbolo oval da Ford. Durante décadas a marca tem participado da história de Hollywood e ajudado a escrever algumas das páginas mais marcantes do cinema.
por Marcos Cesar Silva
De todos os carros-galãs, o Ford Mustang continua sendo um dos “atores motorizados” mais requisitados pelos estúdios —independentemente da geração do antológico pony car—, mas não é o único. Vamos recordar alguns desses carros que fizeram sucesso nas telas grandes dos cinemas.
Shelby GT500 1967 – “Gone in 60 Seconds”
Se o Mustang é o Ford com maior número de presenças no cinema, o Shelby GT500 do filme “Gone in 60 seconds” (2000, “Aconteceu em 60 Segundos), conhecido por “Eleanor”, é muito provavelmente aquele que atingiu os níveis mais elevados de reconhecimento. Um reconhecimento tão elevado que, por todo o mundo, começaram a surgir réplicas do “Eleanor”. Muitos proprietários queriam ter um Ford Mustang assim na sua garagem.
Criado por Chip Foose e Steve Stanford, o “Eleanor” e “Randall Raines” (Nicolas Cage) têm o seu grande momento do filme praticamente no final, como em qualquer grande filme de ação. Falamos da derradeira perseguição policial que termina como devem terminar todas as perseguições nos filmes de Hollywood: com muita destruição, explosões e borracha queimada.
Marcante é, é sem dúvida alguma, o momento em que Randall Raines aperta o botão “Go, Baby, Go”, culminando com um salto “hollywoodiano”. Se não se espantou com este momento, com certeza não gosta tanto assim de automóveis. Mas vamos lembrar que esse filme de 2000 é o remake de outro filme, de mesmo nome. O Mustang Eleonor de então era um Mach One 1973 amarelo (acima).
Mustang GT Fastback 1968 – “Bullitt”
Muito tempo antes de “Gone in 60 seconds”, outro Ford Mustang atingia o status de “lenda do cinema”. O filme era “Bullitt” (1968) é um filme de ação e um thriller, mas foi a cena de perseguição que o elevou ao Olimpo do cinema. Depois de Bullitt, as perseguições de automóveis nunca mais foram as mesmas.
Com Steve McQueen ao volante (abaixo) —ator, piloto e apaixonado por qualquer coisa que tivesse motor—, vemos o Ford Mustang GT 1968 perseguindo os “homens maus” pelas subidas e descidas da cidade de San Francisco, durante um tempo que parecia não se esgotar.
Com 10 minutos de extensão, é uma das perseguições mais longas na história do cinema. E, acredite, cada segundo vale a pena.
Falcon XB GT Coupe 1973 – “Mad Max”
E por falar em perseguições longas, o que dizer da aventura pós-apocalíptica retratada no antológico “Mad Max” (1979), que virou uma saga que está em seu quarto filme.
O Ford Falcon XB GT e o policial e defensor das estradas Max Rockatansky —papel interpretado por Mel Gibson e, mais recentemente, por Tom Hardy no último “Mad Max: Fury Road” (2015)— são os protagonistas nas infindáveis perseguições pelo deserto.
O “The Pursuit Special” é talvez o modelo visualmente mais impactante desta lista. Impõe-se a todos os outros graças ao seu V8 sobrealimentado por um blower, que fica visível acima do capô. O Falcon XB aparece em todos os filmes desta saga, ainda que para o vermos verdadeiramente em ação, os dois primeiros filmes sejam os mais indicados.
GT40 Mark II 1966 – “Ford x Ferrari”
Parece que estreou outro dia, mas “Ford x Ferrari” é de 2019. Conta a incrível história de quando a Ford bateu a Ferrari no seu próprio jogo, culminando com a vitória na “24 Horas de Le Mans” de 1966, onde a marca americana conquistou os três primeiros lugares.
Com Matt Damon e Christian Bale como protagonistas, interpretando respetivamente Carroll Shelby e o piloto Ken Miles, vemos o nascimento de um dos automóveis mais marcantes de todos os tempos, o Ford GT40.
A força simbólica do GT40 (40 é a altura do carro em polegadas) continua sendo de tal forma gigantesca, que mesmo já tendo passado mais de meio século, a Ford deu-se ao luxo de lançar, com sucesso, dois superesportivos em homenagem ao GT40 original. Afinal, é incomum que marcas generalistas se interessem em disputar mercado com empresas especializadas em fabricar supercarros. Só que a Ford gostou da brincadeira…
Thunderbird 1966 – “Thelma & Louise”
O Thunderbird ou T-bird, ao contrário do Mustang, sempre foi um carro voltado mais para o luxo e exclusividade do que para altos desempenhos. E acabou sendo o Ford correto para um dos melhores road movies de todos os tempos: “Thelma e Louise” (1991). Mas não dá para esquecer o Thunderbird branco 1956, dirigido pela misteriosa “loira do Thunderbird” em “American Graffiti” (“Loucuras de Verão”), de 1973
Susan Sarandon e Geena Davis protagonizam o filme de 1991, onde uma simples viagem acaba por se transformar numa fuga da polícia, e que termina de forma muito violenta.
Explorer 1993 – “Jurassic Park”
Um filme sobre dinossauros dificilmente seria o território ideal para um automóvel se destacar. Afinal, o tema são dinossauros, mas foi precisamente isso que aconteceu em “Jurassic Park” (1993).
O filme de Steven Spielberg acabou tendo como um dos grandes protagonistas uma SUV Ford Explorer. Fosse pela sua pintura única, o teto panorâmico ou a tecnologia que exibia, seria o seu encontro fatídico com o T-Rex que mais marcou a platéia ávida por momentos de ação.
Além disso, o Ford Explorer de “Jurassic Park” conseguiu outro feito: antecipar o futuro dos veículos autônomos.
Gran Torino 1975 – “Starsky & Hutch”
Conhecemos o Ford Gran Torino do filme “Starsky & Hutch” (2004), a comédia de ação com Ben Stiller e Owen Wilson como protagonistas. Contudo, o filme tem como ponto de partida a série de televisão homônima dos anos 70 (1975-1979).
O que não mudou foi o carro em si, nem a sua pintura diferenciada, vermelho com uma enorme faixa branca na lateral. O que lhe valeu até o apelido, dada por um dos protagonistas da série original, de “Striped Tomato” (“Tomate Listado”).
Os detetives da série original, Kenneth Richard “Hutch” Hutchinson (David Soul) e David Michael Starsky (Paul Michael Glaser) .
Mas a carreira cinematográfica do Gran Torino não se ficou por aqui; o nome do modelo seria também o título do filme de Clint Eastwood, lançado em 2008. E ainda passou pelo quarto filme da saga “Velozes e Furiosos”.
Crown Victoria 1992 – 2012, o eterno “carro de polícia”
Esta foi apenas uma pequena amostra dos muitos Ford que brilharam no cinema. O Mustang acaba por ser, provavelmente, o Ford que mais tempo tem na grande tela, e são vários os filmes onde o podemos encontrar: James Bond (“007 – Os diamantes são eternos”), Transformers (“Decepticon Barricade”) e, claro, Velozes e Furiosos (“Tokyo Drift”).
Concorrendo com o Mustang em número de aparições no cinema, talvez tenhamos apenas o Ford Crown Victoria. Isto porque o grande sedã americana foi, durante décadas, a escolha mais comum das polícias daquele país.
Por isso, cada vez que assistimos no cinema uma perseguição envolvendo forças policiais, é certo que veremos dezenas de “Crown Victoria”. Isso mesmo que o carro tenha saído de linha em 2012…