Por que há fantasmas nos Koenigsegg?
Todos os carros Koenigsegg ostentam a figura de um pequeno fantasma na traseira, emblema que já faz parte da identidade da marca sueca. Mas não se trata de uma marca mal assombrada, como tantas que existem por aí. Afinal, qual a razão para haver um simpático fantasminha nos supercarros da empresa?
por Marcos Cesar Silva

Entre os detalhes de acabamento sofisticados, conjunto mecânico que mais parece itens de alta relojoaria e muita fibra de carbono exposta, há ainda um detalhe especial em todos os carros da Koenigsegg que saem para as ruas, estradas e pistas: um fantasma na forma de emblema. Claro que no Brasil você só vai ver isso em fotos…
Aliás, como fabricante de hipercarros, talvez não cause espanto saber que a Koenigsegg só tenha construído algumas centenas de modelos em pouco mais de 20 anos. Se somarmos o total de unidades previstas para os Jesko e Gemera, e o CC850 atualmente em produção, teremos pouco mais de 700 unidades entre 2002 e 2023.
Talvez por isso, seja mais fácil cruzarmo-nos nas ruas estrada com um disco voador (ou mesmo um fantasma, por que não?) do que com um Koenigsegg.

Sim, é isso mesmo, um fantasminha. Se você não reparou, observe com atenção a traseira de todos os Koenigsegg, na área da tampa do motor, e certamente encontrarão a pequena alma penada por lá. Mas não precisa se assustar.

Não se trata do logotipo oficial da marca, que em todos os Koenigsegg e é baseado no brasão da família de Christian von Koenigsegg, cujas origens remontam ao século XII. O fantasma tem origem diferente e acabou se tornando um símbolo de tudo aquilo que a Koenigsegg representa. E ao contrário do que quase sempre acontece, não surgiu por acaso, e há uma razão para o carro ser assombrado, no bom sentido.

Então, qual o motivo para um fantasma? A explicação é, na verdade, muito simples. O local onde a Koenigsegg está atualmente instalada, em Ängelholm, costumava ser a base aérea de um dos esquadrões mais famosos da Força Aérea da Suécia, chamado “Johan Röd”, conhecido, tempos depois, por “Esquadrão Fantasma”.
Este esquadrão decolava todas as manhãs, bem cedinho, e só regressava para a base ao anoitecer. Os moradores daquela região da Suécia sabiam sempre quando os aviões estavam no ar, porque conseguiam ouvir, mas nunca os conseguiam ver; as nuvens eram usadas como cobertura eficiente para os vôos. Foi exatamente a impossibilidade de ver os aviões que deu origem ao apelido “Esquadrão Fantasma”.
Para fazer jus ao nome foi criado o símbolo de um fantasma, que passou a identificar o esquadrão. Curiosamente, a expressão “The Show Must Go On” (que também é uma música do Queen) podia ser lida na fuselagem de alguns dos seus aviões.
O esquadrão acabou sendo extinto mais tarde, devido aos cortes de verbas feitos pelas forças armadas suecas. Para assinalar a ocasião, um dos aviões Saab 37 Viggen do esquadrão foi pintado com uma decoração especial, em vermelho, e com vários pequenos fantasmas brancos.

E é nesse ponto da história que começa a relação dos fantasmas com a Koenigsegg. No início dos anos 2000, a marca sueca sofreu um dos maiores incidentes da sua -então, curta- história: pouco antes do Salão de Genebra de 2003, a primeira fábrica da Koenigsegg pegou fogo e foi quase que totalmente destruída.
Na busca por novas instalações, Christian von Koenigsegg acabou conhecendo a antiga base aérea do “Esquadrão Fantasma”, que numa das paredes tinha pintado o famoso fantasma.
Para Christian von Koenigsegg isto foi uma espécie de sinal de sorte e a oportunidade não só para dar uma identidade ainda mais marcante aos seus automóveis como também para prestar homenagem a todos os pilotos do “Esquadrão Fantasma”.

Se a Ferrari tem um cavalinho empinado, a Lamborghini um touro e a Bugatti um elefante. Por que não um fantasma para a Koenigsegg? O resto é história. E curiosamente, graças aos hipercarros suecos, o “Esquadrão Fantasma” nunca voou tão longe como agora.
