Rosemeyer, o impressionante Audi esquecido

O Audi Rosemeyer foi um dos vários conceitos que surgiram quando o mandato de Ferdinand Piech estava em seu auge absoluto. O briefing do famoso engenheiro para os engenheiros e projetistas da Audi no ano de 2000 se resumiu a um nome, Bernd Rosemeyer. O alemão foi um jovem piloto, muito talentoso, da equipe Auto Union durante os anos 1930. Não seria exagero dizer que era uma espécie de “Michael Schumacher de Hitler”, e faleceu num acidente em 28 de janeiro de 1938. Tinha 29 anos.
por Ricardo Caruso

Os anos em que o revolucionário carro de GP da marca das quatro argolas (ainda Auto Union) enfrentou e muitas vezes venceu a Mercedes -marca mais tradicional- era um desafio que mostrou e defendeu o valor da tecnologia alemã aos olhos do mundo. E Rosemeyer era loiro, olhos claros, ariano como desejava o Fuhrer e rápido, muito rápido. Eram as “silver arrows” de ambas as marcas exibindo, acima de tudo, muita velocidade.


E foi nesse mesmo desafio, no dia 28 Janeiro de 1938 na estrada Frankfurt-Darmstadt, entre Mercedes e Auto Union para estabelecer o recorde mundial de velocidade, que aconteceu o acidente que acabou com o seu sonho. Depois de Rudolf Caracciola, ao volante de um Mercedes, ter acabado de estabelecer o novo recorde de 423 km/h, e apesar de o aconselhar a não tentar por causa dos ventos fortes, Rosemeyer quis arriscar mesmo assim. Quando uma rajada de vento atingiu o Auto Union Type C Streamline, ele estava a 450 km/h. Mas para ele foi o fim.

Em 2000, usando o briefing de Piech que dispensava maiores detalhes e tendo as imagens da época como ponto de partida, o carro-conceito foi criado, alimentado pelo poderoso motor 8.0W16 montado central. Todas as referências às pistas e à Auto Union recordista, embora modernizadas por linhas mais suaves, foram deliberadamente aplicadas.

A tecnologia usada no carro reuniu o melhor que a Audi podia oferecer na época, incluindo tração nas quatro rodas e uma caixa de câmbio manual combinadas com sofisticadas suspensões e detalhes técnicos. Tinha 710 cv de potência máxima.

Mais do que um salto para o futuro, no entanto, o carro apareceu como uma merecida homenagem móvel à coragem de um piloto que queria a chance de bater o recorde mundial para impedir que a imprensa escrevessem nos jornais no dia seguinte sobre a magnitude do feito estabelecido pela Mercedes.

O conceito Rosemeyer foi usado nos anos 2000 em diversos Salões e eventos. Hoje, associado a uma tragédia, o carro faz parte da coleção da Audi, na Alemanha (acima).



