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TEST DRIVE: Fiat Scudo Cargo

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A Kombi saiu de linha no final de 2013, e o espaço que o Volkswagen deixou não foi ocupado por ninguém. Todos ficaram de olho na fatia de mercado que ela fez vago, mas nenhum modelo trouxe no currículo a simplicidade e versatilidade que a Kombi exibiu durante o tempo em que esteve à venda. Ou seja, todos quiseram substituí-la, mas ninguém chegou perto.

por Ricardo Caruso

Mas há uma esperança. A Peugeot e a Citroën, ainda fora do Grupo Stellantis, apresentaram  em 2017 os Peugeot Expert e Citroën Jumpy, que usavam a mesma plataforma. Essa era a opção para suceder a Kombi, mas as duas marcas tropeçaram e não conseguiram atrair o espaço de mercado que era possível. Em 2021 foi criada a Stellantis, que “abraçou” também as duas marcas francesas. Com isso,a Fiat enxergaram a oportunidade de colocar os emblemas italianos no utilitário veículo, produzido no Uruguai pela Nordex, encarnando assim o Fiat Scudo para uma nova vida.

AUTO&TÉCNICA avaliou a versão Cargo, furgão, e a surpresa foi muito boa. Duas vantagens imediatas: com 1,93 m de altura, não enrosca em garagens ou portões, e o peso der 3.220 kg permite que quem porte CNH da categoria B dirija o Scudo. O Fiat Scudo está disponível nas versões Cargo (furgão) e Multi (passageiros), e pode ser adaptado para muitas aplicações, desde cargas e passageiros, até transporte climatizado ou espaços extremamente luxuosos para passageiros, como está se tornando moda agora. Outra vantagem é o preço competitivo, pois o Cargo custa R$ 191 mil e o Multi R$ 196 mil.

Na Cargo, como o que avaliamos, o espaço de carga é generoso, com 2,8 metros de comprimento e volume de 6,1 m³. O piso da área de carga é baixo, o que facilita a arrumação de cargas. Os acessos ao compartimento são liberados ou travados pelo bloqueio central das portas, seja por controle remoto ou por um comando no painel. A porta lateral traseira é deslizante, facilitando a movimentação de carga, enquanto as duas portas traseiras tem abertura ampla, de quase 180 graus.

O conjunto motor-câmbio está bem calibrado, sem surpresas no uso urbano ou rodoviário. Segundo a Fiat, a aceleração de zero a 100 km/h é feita em 12,5 segundos e velocidade máxima é de 160 km/h.

O motor foi uma ótima surpresa, em termos de desempenho e consumo. Trata-se de um 4 cilindros de 1.500 cm3 turbodiesel, montado na dianteira e transversal, com quatro válvulas por cilindro e injeção direta de combustível. Tem potência máxima de 120 cv a 3.750 rpm e torque máximo de 30,5 mkgf a 1.750 rpm, o que garante ótimas condições para o dia a dia.

O Scudo é equipado com tanque de 18 litros para Arla 32, catalisador e filtro  de material particulado, tudo para atender as normas de emissões 7,do Proconve. No uso de 10 dias que fizemos do Scudo, chegamos à m´dias cidade/estrada de 11,9 km/litro, e em trechos de estrada dentro do limite de velocidade o Scudo fez até 16 km/litro de média; com tanque de 69 litros, passaria dos 1000 km de alcance, o que é excelente.

O câmbio é manual de seis velocidades, com embreagem de acionamento hidráulico. Os engates são sempre suaves e precisos, quase como num carro de passeio. O pedal de embreagem é leve e fácil de modular. Para facilitar ainda mais a vida do motorista, há o assistente de partida em rampa; a tração é dianteira.

.Nesse tipo de veículo, todos custos envolvidos são importantes. A Fiat por conta disso sempre destaca o baixo custo operacional do veículo, o TCO (Custo Total de Propriedade), refletido nos itens de série. As rodas de aço, por exemplo, tem apenas pequenas calotinhas plásticas e são calçadas com pneus são Pirelli 215/65-16. Em termos de segurança, controle de estabilidade, que auxilia a condução do veículo, e na versão testada três airbags para os três ocupantes do banco dianteiro. Outros recursos são o já citado assistente de partida em rampas, luzes diurnas de rodagem (DRL), ar-condicionado, trava central das portas, retrovisores elétricos e vidros elétricos com a função one-touch. Cruise control (controle de velocidade de cruzeiro) e limitador de velocidade também estão presentes, assim como ajuste de altura e distância do volante e banco do motorista com ajuste de altura, apoio lombar e descansa-braço.

Dois senões: o rádio é de péssima qualidade e difícil de operar. E como não há p espelho retrovisor interno e nem câmera de ré, fica a sugestão de aplicação de uma tela digital com imagens da traseira e sensor sonoro de manobras.

Em termos de suspensão, na dianteira utiliza sistema McPherson, independente com braço de controle simples, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora. Na traseira, suspensão independente com braço triangular semi-arrastado e mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora. A calibragem das suspensões é bem equilibrada e balanceada, com ou sem carga, e a estabilidade merece elogios, da mesma forma que a suavidade de rolagem.

Já o sistema de direção é eletro-hidráulico (uma bomba elétrica movimenta a bomba hidráulica). É um pouco ultrapassado, mas garante boa dirigibilidade e tem manutenção mais simples que os conjuntos elétricos. O diâmetro de giro é de 12,4 metros, bom para um veículo com mais de 3,2 metros de entre-eixos.

A cabine acomoda até três ocupantes no banco dianteiro, e colabora com isso a alavanca de câmbio adiantada, junto ao painel. O acesso aos comandos no painel de instrumentos também é facilitado pela sua boa ergonomia. Não há central multimídia. Os comandos dos vidros elétricos e espelhos retrovisores ficam nos painéis das portas, fáceis de operar, e existem muitos porta-objetos pelo interior, alguns incorporados aos forros das portas e no alto do painel.

Conclusão

O Fiat Scudo vai cair no gosto do público de seu segmento aqui no Brasil e ocupar a lacuna deixada pela Kombi? Quem vai dizer isso é o tempo, mas ele tem apenas vantagens sobre o Volkswagen, incluindo a capacidade de carga de 1500 kg. A Fiat é uma empresa gigantesca e tem capacidade para isso. Talvez o volume de produção baixo atrapalhe um pouco. Para a Stellantis, é mais uma opção para preencher espaços no mercado, atendendo quem não precisa, por exemplo, de um Ducato, muito maior e mais caro.

Sem dúvida, uma fantástica opção dentro desse segmento.


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