BAMBI, O FULDAMOBIL ARGENTINO
Um carro chamado Bambi, aqui no Brasil, não daria certo. Mas existiu na Argentina, e não era nenhuma homenagem ao personagem de Walt Disney. Levava o nome da cidade onde era fabricado.
No dia 12 de maio de 1960, a Fábrica de Automotores Utilitarios S.A.I.C.Y.F. iniciou a sua produção na cidade de Bambi, na Argentina. Era o Bambi, mini-carro de desenho alemão, fabricado na Europa pela Fuldamobil. Seu projeto correspondia às necessidades da realidade alemã do pós-guerra, sendo um veículo simples, econômico e de baixo consumo de gasolina.
O motor, de apenas 192 cm3 e 10,2 cv de potência, era produzido pela Televel S.A., que fabricava na Argentina os motores Sachs. Este tipo de veículo, na verdade um micro-cupê, havia se tornado popular na Argentina nos últimos anos da década de 1950, e rapidamente a empresa vendeu as primeiras 500 unidades do Bambi. Era o carro mais barato do mercado argentino.
ECONÔMICO
A carroceria era de uma só peça, em uma particular forma de gota, feita de resina de poliester reforçada e montada sobre um chassi formado por tubos de aço retangulares. O desempenho, óbvio, era muito modesto, com 80 km/h de velocidade, com consumo, segundo o fabricante, de 22 km/litro de gasolina. O câmbio era de quatro marchas.
Uma das curiosidades do Bambi era que a marcha ré era acionada desligando o motor e o ligando de novo, agora com a correia invertida. Ou seja, tinha para trás a mesma velocidade que tinha para a frente. Outro detalhe interessante: a bitola dianteira de 1,20m, enquanto a traseira era bem estreita, de apenas 40 cm.
Apesar de suas reduzidas dimensões, o interior do Bambi era até espaçoso. Suas amplas portas permitiam fácil acesso ao habitáculo. O banco dianteiro era inteiriço e seus 1250 mm de largura permitiam acomodar três adultos. O banco traseiro era menos confortável, e era acessado com o rabatimento do encosto da frente. Atrás do banco traseiro existia uma plataforma, com espaço para alguma bagagem.
Esta plataforma tinha um painel que, ao ser desmontado, permitia acesso ao motor pelo interior do carro, útil para reparos mais simples e como proteção para consertos em dias de chuva. A área envidraçada era grande e o envolvente vidro traseiro permitia boa visibilidade para trás. O painel de instrumentos era mínimo e usava um só mostrador, que tinha o velocímetro e odômetro; o volante de três raios permitia fácil leitura do painel.
A PICKUP
Baseado no pequeno cupé, foi desenvolvido um veículo utilitário denominado Bambi Pick Up Sporty, exclusivo para a Argentina. A carroceria também era de uma só peça, de resina poliester reforçada com fibra de vidro, da mesma forma montada num chassi de tubos de aço. A cabine não tinha portas e o banco era inteiro, para dois passageiros. Atrás do banco se estendia o piso carga, que tinha uma pequena grade como elemento de contenção.
Opcionalmente podia ser equipado com capota de plástico ou lona. A velocidade máxima era de 90 km/h e o consumo de 25 km/litro. A Bambi Sporty tinha capacidade de carga de 300 quilos. Foi apresentada em julho de 1963 e só foram fabricadas 20 unidades. No mesmo ano a fábrica encerrou suas atividades.
PIADA
Um feito que mais parece piada foi o estranho recorde alcançado pelo Bambi em 10 de abril de 1961, ao completar -dirigido por Demófilo López- 6.413 voltas ao redor de um campo de futebol, totalizando 3.206,50 km em 92h8m19s.
No Brasil o carrinho jamais daria certo, pois seu nome é uma piada pronta e seria ofensivo para uma determinada torcida de futebol.