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Quando a Alfa Romeo criou um táxi

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A Alfa Romeo é talvez a mais apaixonante marca de automóveis que existe, lembrada por modelos maravilhosos que colocou nas ruas e pelo seu passado nas pistas. O que você não sabe é que existiu um taxi -apenas um- que ostentou a marca italiana. Essa história começa no verão de 1975, quando a direção do Museu de Arte Moderna (o MoMA), de Nova Iorque, planejou uma competição em busca de ideias para um novo tipo de táxi para a cidade: precisava ser compacto por fora, espaçoso por dentro e o mais ecológico possível.

Isso mereceria ao menos alguma atenção por parte das montadoras, pois talvez pudesse caminhar para um bom negócio. Em vez dos sedãs gigantes que queimavam muita gasolina, deveriam ser desenvolvidas “soluções realistas atuais”, ou seja, ideias prontas para serem colocadas em uso. A General Motors mostrou algum (discreto) interesse. A Ford e a Chrysler também, mas não passou disso. Para os três grandes fabricantes da indústria automotiva dos Estados Unidos, o assunto aparentemente não era grande o suficiente para que empreendessem algum esforço.

por Ricardo Caruso

As três não se interessaram, mas outras cinco empresas aceitaram o desafio. As californianas American Machine and Foundry e a Steam Power Systems enviaram um conceito com acionamento a vapor; a Volvo participou com o protótipo de uma unidade alternativa e a VW colocou um modelo com um motor híbrido-elétrico. Mas houve o estúdio italiano Italdesign, de Giorgio Giugiaro, que entregou o conceito mais radical de todos e, ao mesmo tempo, mais convincente: o Alfa Romeo New York Taxi.

Era um veículo pensado no transporte de passageiros: tinha apenas quatro metros de comprimento, cinco lugares (mais motorista), portas corrediças de cada lado, interior com piso plano, espaço para bagagem e uma solução de assento rebatível para acomodar uma cadeira de rodas ou um carrinho de bebê, o que seria fácil porque também havia uma rampa móvel alojada sob o carro. No teto havia uma grande janela de vidro, para que os ocupantes pudessem admirar o cenário enquanto era transportados. Em comparação com os táxis comuns em Nova Iorque naqueles tempos, o conceito desse Alfa Romeo de Giugiaro foi uma sensação. Construído na mesma plataforma da Alfa Romeo F12, este táxi oferecia uma área interna disponível de cerca de 2 m2

O típico táxi amarelo da cidade em de meados da década de 1970 era o Checker A-11, um sedã exclusivo para essa aplicação, de cinco metros de comprimento, equipados com motores 4.0 de seis cilindros em linha ou 5.7V8 (ambos Chevrolet) debaixo do capô. O protótipo da Alfa Romeo ocupava 33% a menos de área de tráfego, oferecia pelo menos o mesmo espaço para passageiros e bagagens, e era muito mais econômico. Um motor boxer de quatro cilindros, 1.3 (o mesmo da Alfasud) foi instalado na frente do carro, produzindo 70 cv de potência máxima, movendo as rodas traseiras e permitindo desempenho perfeitamente adequado para uso como táxi nas ruas de Nova Iorque.

Em 18 de junho de 1976 foi inaugurada no MoMA a exposição “The Taxi Project” (“O Projeto Táxi”). Os cinco protótipos e um modelo de táxi londrino foram posicionados em frente a uma parede com a enorme imagem do horizonte de NY à noite. Apesar das muitas boas ideias dos estudos, nada mudou na “Big Apple”, e tudo permaneceu igual nos pontos de táxi e nas ruas. Um novo modelo de táxi de Nova Iorque só entrou em uso em 2013 -o Nissan NV200- oferecendo alguns dos recursos mostrados em 1976, como as portas de correr ou o teto de vidro.

No entanto, o desenho de táxi de Giugiaro baseado na Alfa Romeo não fracassou ou deixou de ter consequências. O estilo, impulsionado pela funcionalidade pura, levou a Fiat a desenvolver o estudo Lancia Megagamma em 1978, que desaguou no modelo de produção Lancia Zeta a partir de 1994. O estudo do táxi de Giugiaro abriu caminho para esta minivan moderna.

O conceito Lancia Megagamma 1978…
…e a minivan Lancia Zeta 1994 de produção.

O New York Taxi da Alfa Romeo, enquanto exercício de estilo e soluções, foi um verdadeiro pioneiro em termos de versatilidade, aproveitamento e maximização de espaço. Hoje, o modelo está em exibição no museu da Alfa Romeo em Arese, Itália.


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