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BBS RS, a história da roda definitiva

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Para quem vive a história do automóvel, as rodas alemãs da marca BBS fazem parte de muitos sonhos. Na verdade, BBS e rodas quase que poderiam ser sinônimos, tamanha a fama desta marca com mais de meio século de história. Afinal, quando se fala de qualidade em rodas, a primeira coisa que vem à cabeça é a BBS. A empresa foi fundada em 1970, não só fabricando rodas, e ainda hoje é a marca mais conhecida -e copiada- no universo da personalização e competição.

por Ricardo Caruso

A antológica roda modelo RS da BBS, a mais copiada do mundo.

Se a imitação é a forma mais sincera de “homenagear” algo (algo que os chineses fazem com maestria), o impacto de uma roda no mercado de reposição pode ser medido pelo número de réplicas que surgem após o seu lançamento. Quando falamos em roda BBS, de imediato lembramos daquele modelo com desenho de malha, raiado, as famosíssimas RS, que até hoje muitas empresas tentaram clonar, mas nenhuma obteve o mesmo sucesso. As RS, que nasceram em tês peças, são tão definitivas na história das rodas que praticamente ninguém as conhece pelo nome oficial, são simplesmente “as rodas BBS”.

As rodas BBS equipam alguns dos automóveis mais conhecidos do planeta —por isso alguns modelos foram alçados ao status de ícones— e foram responsáveis pela paixão de muitos entusiastas por determinados modelos. No entanto, nem todos conhecem a sua história.

Os fundadores do BBS Kraftfahrzeugtechnik, Heinrich Baumgartner (ao centro) e Klaus Brand (esquerda), posam exibindo as então novas rodas RS de três peças. 

Fundada em 1970, por Heinrich Baumgartner e Klaus Brand, em Schiltach, uma pequena aldeia na Alemanha, próxima de Stuttgart e da Floresta Negra, a BBS (Baumgartner – Brand – Schiltach) não teve as rodas como o seu ponto de partida.

A história da BBS teve sempre ligada aos automóveis, mas começou pela produção de componentes em plástico e fibra de vidro destinados a modelos de competição. Não foi preciso esperar muito tempo até seus fundadores direcionarem o foco para a criação e produção de rodas, que mostravam ter maior potencial de mercado.

Não seria nas rodas para carros de rua, no entanto, que a BBS construiria a sua invejável reputação, mas sim nas pistas de competição, após Baumgartner ter visto nas corridas de automóveis um potencial enorme. Já em 1972 já a BBS estava fornecendo a sua inovadora roda de três peças a várias equipes de competição.

 A roda de três peças era mais fácil de ser fabricada em diversas medidas e era constituída por uma face produzida em alumínio forjado e contava com dois aros —interior e exterior — que podiam ter tamanhos diferentes para cada tipo de aplicação.. Uma solução genial que abria enormes possibilidades.

A característica modular da roda de três peças da BBS deu a empresa uma enorme vantagem, pois conseguir a medida certa para cada modelo ou até cada regulamento ficava muito mais simples. Além disso, destacava-se ainda pela sua leveza e rigidez, quando comparada com outras na época.

Uma roda de três peças da BBS é normalmente composta pela face de alumínio forjado e aros de alumínio fundido sob pressão (também foram usados ​​​​de acordo com o uso materiais mais exóticos, como magnésio ou fibra de carbono). O conjunto é então parafusado e selado com silicone ou uma junta de metal e borracha. Algumas rodas de três peças, principalmente de fabricantes japoneses e chineses, são soldadas…

Em aplicações de corrida com requisitos de tamanho específicos, a natureza modular de três peças economiza custos de fabricação, pois a mesma face pode ser usada para diferentes larguras de rodas. Além disso, se uma parte da roda for danificada, esse componente poderá ser substituído sem inutilizar a roda inteira. O desenho raiado tornou-se amplamente utilizado no automobilismo, com as rodas BBS aparecendo em tudo, desde carros de turismo e endurance até modelos de Fórmula 1 e Indy.

Para capitalizar a fama conquistada no automobilismo, a BBS lançou a roda RS em 1983 no mercado. Foi a primeira roda de três peças destinada ao uso fora das pistas. As faces eram criadas aquecendo um pedaço de alumínio e pressionando-o em um molde com 6.500 toneladas de pressão. O processo, denominado “forja com molde”, resultou em uma roda muito resistente. As RS serviam bem aos carro de rua e usavam o mesmo processo de construção de três peças dos carros de pista. Mas estavam disponíveis nas concessionárias alemãs como opcionais para Porsche, Volkswagen ou Audi. No entanto, optar pelas RS em um carro novo custava caro, cerca de US$ 2000.

Nas lojas, qualquer pessoa poderia adquiri-las, ainda que estas tivessem preço bastante elevado. As medidas disponíveis eram várias e foram aumentando com a evolução do mercado automóvel: das ao 14 até 18 e com várias larguras disponíveis. Em termos de cor, o prateado e o dourado com os aros polidos eram as configurações mais conhecidas, mas ao longo dos seus 12 anos de comercialização, existiram diversas edições especiais com tons diferentes.

Mas apesar dos muitos sucessos que conheceu, agora -mais de meio século depois da sua fundação- a BBS acumula em sua história períodos muito complicados —incluindo falência- e trocou de mãos por várias vezes. Hoje, com a ajuda das suas principais subsidiárias no Japão e Estados Unidos, a BBS continua a ser uma das marcas de rodas mais conhecidas e cobiçadas em todo o mundo. A marca alemã continua comercializando os seus modelos mais clássicos, como a Super RS —versão mais moderna da original RS, mas mais resistente—, e a LM, outro dos ícones da marca (abaixo).

A BBS LM, outro clássico da marca.

Além destas, continua a ter disponíveis outros modelos para carros de rua (com até 23 polegadas de diâmetro e múltiplas cores) e competição, com a BBS Japan fornecendo, por exemplo, para a Fórmula 1.

As RS continuam a ser procuradas ainda hoje graças ao seu visual clássico e perene, e à sua ligação com o automobilismo. Por isso, as originais são cotadas em mais de US$ 2500 por um conjunto. Rodas maiores e mais largas geralmente cobram mais atenção: aros amassados ou trincados não são o fim do mundo; algumas empresas ainda oferecem peças de reposição para as RS. A vedação de silicone pode vazar em rodas que não são desmontadas há algum tempo, mas a correção é fácil: basta remover o silicone antigo e reaplicar o produto.

Cópia chinesa: bonitinha e barata, mas ordinária

Se você não gosta de limpar rodas, a RS também não é para você. Esfregar e tirar a sujeira dos vários raios testará sua paciência. Cuidado com réplicas chinesas, inteiras feitas de alumínio fundido. Eles estão por toda parte, por preços sedutores, e vendedores inescrupulosos podem tentar ganhar dinheiro rápido com os não iniciados. Quebram com facilidade!

No Brasil, o Santana EX (Executivo) lançado em 1990 vinha equipado com rodas aro 14 “modelo” BBS RS; o VW Apollo GLS também trazia rodas com uma variação desse desenho, mas em aro 13 (imagens acima).


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