C100, o Ford que não brilhou
Após seguidos anos de sucesso dos motores Ford-Cosworth na Fórmula 1 do final dos anos 1960 até o início dos anos 1980, quando apareceram os novos motores turbos, eles não tinham mais como competir com a nova tecnologia. Com a criação de uma nova categoria de Grupo C para o Campeonato Mundial de Endurance, e após a vitória na “24 Horas de Le Mans” de 1980 de um Rondeau GTP, equipado com o motor Ford-Cosworth DFV, a Ford decidiu desenvolver um carro para essa categoria, equipado com os motores de Fórmula 1, ao qual batizou de Projeto C100, inicialmente ainda com especificações de Grupo 6.
por Ricardo Caruso
O desenho deste carro esteve inicialmente a cargo de Len Bailey, que esteve envolvido no projeto do Ford GT40. O C100 estava equipado com o motor 4.0V8 Ford-Cosworth DFL, desenvolvendo cerca de 540 cv a 9.250 rpm. Este motor era uma derivação do DFV, famoso pelo seu sucesso Fórmula 1 (equipava, entre outros as Lotus 72D e McLaren M23 que deram dois títulos e dois vice-campeonatos para Emerson Fittipaldi e equipou todos os carros da Copersucar e Fittipaldi) , sendo o DFL desenvolvido especificamente para o Grupo C, com foco nas provas de longas distâncias.
Acoplado ao motor estava uma caixa de câmbioi manual de cinco velocidades Hewland VG. A suspensão é de triângulos sobrepostos nas quatro rodas, assim como tinha freios com discos ventilados da AP Racing também nas quatro rodas. O chassi tubular foi construído em alumínio, revestido com uma carroceria de fibra de vidro, pesando no total 830 kg.
O objectivo da Ford era apresentar o C100 na “24 Horas de Le Mans” de 1981, mas ele não ficou pronto a tempo para a prova. Só iria aparecer no “1000 km de Brand Hatch” e, apesar de ter demonstrado um bom rendimento nos treinos, acabou abandonando durante a prova. Aliás, este seria o resultado tradicional deste automóvel, com bom desempenho nos treinos mas sempre derrotado por problemas mecânicos durante as corridas.
Estes problemas tiveram como principal culpa a falta de desenvolvimento, devido a divisões dentro da marca Ford, com as várias filiais e departamentos tendo interesses diferente, como por exemplo os americanos queriam apostar no IMSA GTP,k enquanto os ingleses estavam desenvolvendo o Escort RS1700T para o WRC (reali), sendo que apenas a Ford da Alemanha avançou com o projeto C100.
Em 1982, a Ford construiu os restantes quatro chassis, com carroceria redesenhada por John Thompson e, posteriormente, com a ajuda de Tony Southgate. Ainda assim, os problemas persistiram e a Ford acabou abandonando o projeto, e o entregou inteiramente para Zakspeed, em 1983.
O melhor resultado foi um quarto lugar no “1.000 kms de Brands Hatch”, conseguido pela dupla Jonathan Palmer e Desiré Wilson, que foram convidados a pilotar o terceiro carro da equipe e ficaram à frente dos pilotos efetivos, Klaus Ludwig, Marc Surer, Manfred Winkelhock e Klaus Niedzwiedz. Ainda naquele ano, conseguiu duas vitórias no DRM, uma em Hockenheimring e outra em Nurburgring, com Klaus Ludwig ao volante em ambas as ocasiões.
No total, apenas cinco chassis foram produzidos. O chassis número 04 foi para Inglaterra, vendido para a equipe Peer Racing em 1983, onde ainda teve algum sucesso no campeonato “Thundersports”, vencendo em Donington Park com o piloto Jim Crawford.
A Zakspeed continuou o desenvolvimento do modelo e, sem interferência da Ford, decidiu desenvolver dois carros diferentes, dando o nomes de C1/4 para o equipado com motor de quatro cilindros e turbo, derivado do utilizado no Capri de Grupo 5, com cerca de 568 cv. O outro era o C1/8, com o motor 3.3 ou 4.0V8, que acabaram tendo algum sucesso na DRM e na Interserie. Um outro chassis do C100 serviu ainda para criar a Ford Transit Supervan 3, em 1984.