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Crise? Chefão da Volkswagen alerta sobre o futuro da marca e corta gastos

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Isso se chama “pré-pânico”. Thomas Schäfer, diretor executivo da Volkswagen, deixou vários alertas preocupantes sobre o futuro da marca, numa recente reunião online com mais de 2000 executivos da empresa.“Está tudo em jogo”, alertou Schäfer, sobre o futuro da empresa na transição para a mobilidade elétrica. Em outras palavras, no tempo do Fusca tudo era mais fácil….

por Ricardo Caruso

Schäfer deixou bem claro que o “o telhado está em chamas” aos executivos, alertando para o quanto serão difíceis os próximos tempos. Com isso, o executivo da Volkswagen quis deixar clara a mensagem de que há problemas severos e abrangentes que têm de ser resolvidos logo para serem os líderes entre os construtores de veículos elétricos. Sem esquecer que ainda têm de continuar a servir o mercado global com modelos com motor de combustão. Na base deste sentimento de urgência estão os custos muito altos e até exorbitantes associados à transição tecnológica.

Para se ter uma ideia da grandeza desses números, em março passado o Grupo Volkswagen anunciou um investimento de US$ 200 bilhões para os próximos cinco anos. Cerca de 70% disso (US$ 140 bilhões) tem como destino o desenvolvimento de veículos elétricos. Além disso, a marca alemã necessita continuar investindo no desenvolvimento e produção de veículos com motor a combustão para garantir os lucros necessários. E os requisitos em matéria de emissões e segurança no Primeiro Mundo continuam a aumentar em exigência e custos.

Volkswagen Tiguan 2024 - conjunto estática
O SUV Tiguan é o modelo mais vendido da Volkswagen no mundo, e é a combustão. Em breve vai ganhar uma nova geração.

Para ajudar nesse esforço, Thomas Schäfer quer poupar até US$ 12 bilhões nos próximos três anos, como tinha anunciado durante a apresentação do plano “Accelerate Forward – Road to 6.5”, em junho. Além da poupança significativa e como o nome do plano indica, o objetivo é atingir uma margem operacional de 6,5% de lucro até 2026. Mais do dobro da alcançada no primeiro trimestre deste a ano (3%).

Por isso mesmo, o todo poderoso da Volkswagen ordenou nesta reunião, com efeito imediato, suspender todos os gastos: “Estamos deixando os custos subirem demasiado em muitas áreas”, disse.

Thomas Schäfer ao lado do ID. 7, recente novidade elétrica apresentada pela Volkswagen

Também exigiu que seus executivos conquistem “pequenas vitórias” nas próximas semanas no quesito contenção de gastos, segundo fontes internas da empresa em declarações à publicações inglesas.

O caminho para atingir estas metas está se mostrando cada vez mais difícil, até impossível. Por exemplo, na China, o maior mercado global da VW, a marca teve que reduzir o preço de alguns dos seus modelos mais lucrativos —a combustão ou elétricos—, devido à implacável guerra de preços que o mercado chinês tem assistido. Óbvio que essa redução de preços se reflete nas vendas e competitividade, afetando negativamente a rentabilidade da montadora.

A urgência de Thomas Schäfer em agilizar as mudanças na empresa, simplificando hierarquias e processos, e também conter os custos, tem sido uma das suas metas desde que assumiu a liderança da marca Volkswagen em 2022. A mensagem -que para muitos soou como terrorismo- deixada por ele durante esta reunião foi reforçada mais tarde por Patrik Andreas Mayer, diretor financeiro da Volkswagen: “o nosso negócio dos veículos não está bem”. E reforçou as palavras de Schäfer como o “último aviso”.


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