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Esta Mercedes 190 E vale mais de R$ 2,5 milhões. Sabe por quê?

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É isso mesmo que você leu. Esta Mercedes-Benz 190 E 2.3 – 16 vale mais de R$ 2,5 milhões. Este exemplar tem uma história única, que o torna muito especial. Saiba porquê.

por Ricardo Caruso

Mercedes-Benz 190 E 2.3-16 visto de traseira

É verdade que, nos últimos anos, o preço dos carros usados e clássicos não tem parado de subir, inclusive no pobre Brasil. Mas o que será que justifica uma Mercedes-Benz 190 poder valer mais de meio milhão de dólares? A história desta unidade em particular é realmente única e agrega muito valor ao modelo. Esta foi a Mercedes-Benz 190 E 2.3-16 pilotada por Niki Lauda na famosa “Corrida dos Campeões”, ainda com todas as modificações originais de fábrica feitas para participar da prova.

Mercedes-Benz 190 E 2.3-16 visto 3/4 de frente

Das 21 Mercedes-Benz 190 E 2.3-16 que competiram, só duas sobrevivem na configuração de corrida: a de Niki Lauda e a de Ayrton Senna. Contudo, o de Senna -vencedor da prova- está no museu da Mercedes-Benz, em Stuttgart Alemanha, o que faz do carro de Lauda um exemplar único.

A “Corrida dos Campeões” foi o evento de abertura que serviu para marcar a restreia do novo circuito de Nürburgring no calendário da Fórmula 1. Era o dia 12 de maio de 1984 e a corrida, organizada pela Mercedes-Benz, colocou 21 Mercedes-Benz 190 E 2.3-16, novinhos em folha, nas mãos de 21 pilotos, a maioria campeões e considerados os melhores do planeta. Entre eles estavam nomes como Niki Lauda, Jack Brabham, Phil Hill ou Stirling Moss, por exemplo. Já o ainda novato Ayrton Senna, não havia sido convidado para participar, mas acabou substituindo Emerson Fittipaldi na última hora.

Ayrton Senna no encalce de Nikki Lauda

A ideia inicial era que esta fosse uma corrida de exibição, num num leve, divertido e amistoso, com 12 voltas no novo traçado alemão, acabou sendo tudo, menos isso. Todos sabem como são os pilotos-raiz quando entram em uma pista. Ayrton Senna, competitivo como sempre, aproveitou a chance de brilhar e chamar a atenção, e venceu a prova, com Niki Lauda terminando em segundo lugar, a pouco mais de um segundo de distância do brasileiro.

Mercedes-Benz 190 E 2.3-16 visto de frente

As 21 unidades da Mercedes-Benz 190 E 2.3-16 saíram direto da linha de montagem para as instalações da Sport-Technik, para serem modificadas.

Assentos desportivos do Mercedes-Benz 190 E 2.3-16

Receberam um novo sistema de escapamento e calibragem específica da suspensão para a pista, 15 mm mais baixa. Os freios contavam com discos dianteiros de quatro pistões (em vez de dois) e as rodas eram mais largas e equipadas com pneus esportivos. A relação final da transmissão passou de 3,08:1 para 4,08:1, bem mais curta. Por causa disso, a velocidade máxima desceu dos 230 km/h originais para 192 km/h, que foi cronometrado em um dos 190 E durante a prova.

No interior, poucas mudanças: os bancos dianteiros foram trocados por modelos esportivos da Recaro com cintos de segurança de seis pontos de fixação, e também uma “gaiola” de proteção. No centro do painel estava presente uma chave-geral e não esqueceram ainda do necessário extintor de incêndio.

Depois da corrida, o carro vencedor pilotado por Ayrton Senna foi recolhido para o Museu da marca do jeito que saiu da pista. Manteve a configuração da “Corrida dos Campeões”, com todas as modificações efetuadas, o que também aconteceu com o 190 conduzido por Niki Lauda.

Assinatura de Niki Lauda no Mercedes-Benz 190 E 2.3-16

As demais Mercedes-Benz 190E 2.3-16 foram reparadas e voltaram à sua configuração de série. Depois disso, foram vendidos como carros usados nos concessionários da marca ou para personalidades relacionadas com a Mercedes-Benz. Apenas a unidade conduzida por Niki Lauda tem hoje autorização para mudar de proprietário.

O histórico deste 190 E está totalmente documentado, incluindo o reencontro dele com Niki Lauda em outubro de 2016, altura em que recebeu um autógrafo do piloto austríaco. Em 2017 entrou nas instalações do “Mercedes-Benz Classic” para uma leve restauração e, um ano mais tarde, foi descoberta à venda. Foi nesta época que passou a fazer parte da “The Iselli Collection”, onde passou os últimos cinco anos bem guardada. Agora o carro está a caminho de um leilão em St. Moritz, na Suíça, que acontecerá no próximo dia 15 de setembro, com a casa leiloeira RM Sotheby’s prevendo que mude de mãos por um valor pouco acima de US$ 500 mil.

No entanto, devido à a sua história e raridade, acreditamos que esta previsão será superada. Mesmo que isso não aconteça, uma coisa é certa: será a Mercedes-Benz 190 E mais cara de todos os tempos, já que a de Senna jamais será colocada no mercado.


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