Classic Cars

O raro Citroën XM Multimedia 1998, o carro que tinha tudo

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Em 1998 a Citroën quis mostrar ao mundo como seriam os carros do futuro. E acertou, pela amostra que temos hoje, 24 anos depois. O Citroën XM Multimedia apresentou muitas das tendências dos automóveis do novo milênio, que hoje equipam muitos automóveis.

por Ricardo Caruso

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Quanto mais tempo passa, mais aumenta a minha admiração pelo Citroën XM. Um modelo que representava, na década de 90, todos os valores que desde sempre associámos à marca francesa: conforto, sofisticação e tecnologia.

Citroën XM Multimedia

 O primeiro Citroën trazido para o Brasil chegou em 1991, após a reabertura das importações. Chamava atenção pelo seu estilo único, baseado em um desenho do estúdio Bertone. Itens como cintos de segurança dianteiros reguláveis em altura, volante com ajustes de altura e profundidade e comando à distância do rádio na parte central eram praticamente desconhecidos dos brasileiros em 1991. Além disso, era oferecido de série a suspensão Hydractive, que permitia alguns modos de regulagem de altura para rodagem e outras inovações que impressionaram o defasado mercado automotivo brasileiro na época.

Citroën XM Multimedia

O XM era o top de linha da marca francesa na época. Com uma ampla área envidraçada, oferecia excelente visibilidade e iluminação natural. A qualidade do carro e sua ampla gama de equipamentos permitia transportar confortavelmente cinco ocupantes. Além disso, o XM trazia uma novidade: a opção de desbloquear as funções motrizes após girar a chave na ignição e digitar um código num teclado.

Citroën XM Multimedia

Além do visual, o Citroën XM destacava-se pelo espaço interno. O lugar reservado a cada passageiro era muito amplo, e o banco traseiro rebatível -dividido em duas partes- também chamava atenção. Mas o delicado sistema da suspensão e o pós-venda mesmo num carro de quase US$ 100 mil, significaram poucas vendas e encaminharam o modelo para o absoluto ostracismo. Entre 1991 e 2001, apenas 566 unidades foram comercializadas no Brasil, com motores de quatro cilindros em linha ou V6.

O Citroën XM era tão revolucionário quanto incompreendido. Em 1998 a marca francesa apresentou e comercializou a sua derradeira interpretação desse espírito: o Citroën XM Multimedia. Um “escritório sobre rodas” que estava 20 anos adiantado no tempo. Essa versão não foi vendida no Brasil

Se a internet no Primeiro Mundo hoje funciona muito bem, em 1998, há 24 anos era algo que ainda impressionava, quase como um ritual de magia negra. Existiam poucos computadores e as ligações -discadas- não funcionavam direito. E foi naquele contexto que a marca francesa apresentou o Citroën XM Multimedia. Um automóvel executivo de luxo, pensado para agradar os empresários que acreditavam na máxima de que “tempo é dinheiro”.

O Citroën XM Multimedia já tinha sistema de GPS, fornecido pela Magneti Marelli, com tela touchscreen e comandos por voz. Chamava-se “Route Planner” e podemos ver nele um quase jurássico antepassado dos sistemas de navegação atuais.

Citroën XM Multimedia

Já na traseiras, encontramos o grande destaque desse XM. Um computador a bordo, integrado, com acesso à internet, televisão e linha telefônica. O sistema era operado por meio de um monitor LCD com o auxílio de um teclado sem fio. O monitor, apesar de estarmos em 1998, já podia ser operado por toque. Os revestimentos combinavam couro e camurça.

Com aspirações de ser uma escolha dos executivos, personalidades e políticos, o Citroën XM Multimedia tinha de oferecer um motor à altura da sua missão. Para isso, a Citroën foi buscar o famoso motor 3.0V6 fabricado pela PSA em conjunto com a Renault e a Volvo, o PRV. Esse motor, só que 2.8, equipou o DeLorean

Graças o motor 3.0V6, o Citroën XM Multimedia anunciava 194 cv a 5500 rpm. A caixa de câmbio, naturalmente, só podia ser automática.

Em 1998 o Citroën XM Multimedia era uma verdadeira feira tecnológica. Apesar de tudo —ou talvez exatamente por isso mesmo— a marca produziu apenas 50 unidades do seu laboratório de luxo móvel, todos eles em vermelho-metálico, como podemos ver nas fotos aqui publicadas.

Citroën XM Multimedia
O escritório móvel mais confortável do mundo na sua época, misturando eletrônica, couro e camurça.

Não se sabe muito bem qual foi o destino final das 50 unidades do Citroën XM Multimedia. A grande maioria foi usada pela marca como carros de teste para a imprensa especializada e para demonstração junto aos clientes.

Terminado aquele período da sempre necessária propaganda institucional -algo desprezado de maneira errada no Brasil-, a Citroën decidiu tirar do XM Multimedia tudo aquilo que o tornava realmente “Multimedia”. Os computadores foram removidos, o GPS também e os XM Multimedia foram vendidos como XM normais, usados.

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Segundo consta, houve clientes que pediram para manter os logotipos —pedido que alguns concessionários atenderam— e também para manter as “mesinhas” nos lugares traseiros.

Hoje é fácil perceber o motivo que levou a Citroën a retirar do mercado o XM Multimedia. Simplesmente ela não queria arriscar que a sua então avançada tecnologia fosse parar nas mãos da concorrência. Como se pode constatar, com mais de duas décadas de vantagem, a Citroën antecipou a grande tendência da atualidade: o carro conectado.

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