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Polestar dá adeus ao vidro traseiro

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A sueca Polestar é uma divisão da Volvo, que produz carros elétricos sofisticados. Os dois modelos mais recentes da Polestar —o 4 e o 5— foram apresentados e com uma característica que ninguém esperava: o modelo simplesmente dispensou o vidro traseiro, pelo menos na forma comum que conhecemos.

por Ricardo Caruso

Quem pensava que a ausência do vidro traseiro nos Polestar 4 e Polestar 5 era apenas uma forma de se diferenciai da Volvo, quase acertou. Mas existem outros motivos que não apenas esse. Graeme Lambert, da área de Relações Públicas de Desenho e Tecnologia da Polestar, respondeu a esta questão, onde deixou claro que não se tratou de um ato impensado —e arriscado—, como o de ser diferente apenas para ser diferente, algo que o mundo do automóvel raramente perdoa.

A ausência do vidro traseiro nos Polestar 4 e 5, na verdade tem sua razão de ser. Parte disso até tem a ver com a filosofia da própria marca, com aposta quase total nos elétricos e o fato de ter nascido praticamente dentro da Volvo, que entre um deslize e outro ficou conhecida pelo seu compromisso com a segurança.

Podemos creditar essa inovação aos desenhistas da marca. Estes queriam que estes novos modelos, especialmente o 5 —uma wagon concorrente do Porsche Taycan e do Audi e-tron GT—, tivesse uma aparência limpa, não só com a linha de teto mais suave, mas que fosse efetivamente um veículo mais baixo.

Num carro 100% elétrico, “ser mais baixo” pode não ser algo simples como parece à primeira vista. Isto porque -como acontece em todos os EVs e nestes Polestar- a bateria ocupa todo o piso da plataforma, o que rouba espaço na altura. Além disso, ao remover o vidro traseiro, os desenhistas optaram por um longo teto panorâmico, para permitir também a entrada de mais luminosidade no interior, solução que também rouba preciosos centímetros em altura na área “habitável” do carro.

Então, qual seria a solução, sem interferir nas proporções pensadas pelos desenhistas ou até mesmo tornar o veículo potencialmente menos eficiente (maior altura aumenta superfície frontal, logo maior resistência aerodinâmica)? A Porsche, no Taycan por exemplo, criou espaços para os pés, removendo para isso partes da bateria, que também está no piso da plataforma.

A Polestar, não podendo eliminar parte da bateria e não querendo comprometer a segurança e integridade estrutural dos seus modelos, encontrou a solução para isso na eliminação do vidro traseiro. Ao excluir o vidro traseiro convencional do projeto, foi possível empurrar a travessa transversal que une as secções laterais da carroceria (na altura da coluna traseira) mais para trás. Ao fazer isso, ganhou espaço em altura para os passageiros traseiros e a rigidez estrutural do veículo não foi comprometida. Os desenhistas puderam, com isso, ter o carro na altura que sonhavam.

Para compensar a ausência do vidro traseiro, os Polestar 4 e 5 tem, no lugar do retrovisor interno, uma tela digital que faz a mesma função do espelho. Segundo a marca, é uma solução que permite mesmo um maior ângulo de visão, quando comparada com o tradicional retrovisor interior, ainda que a percepção de profundidade fique um pouco comprometida. Mas é só acostumar.


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