Volkswagen Passat W8. Quem se lembra dele?
Na bela e importante história do Volkswagen Passat, existiu uma versão equipada com motor W8 (isso mesmo que você leu: W8!) de 275 cv de potência e tração integral. Só podia dar um bom resultado.
Em 1997, quando a Volkswagen apresentou a quinta geração do Passat, ninguém imaginava ter uma versão tão especial do modelo como a que usava o motor W8, disponível de 2001 a 2004.
por Ricardo Caruso
Há quem garanta a geração B5 do Passat como uma das melhores e mais equilibradas de todos os tempos, algo que pode ser questionado por alguns. E o que dizer da versão equipada com o motor de oito cilindros?
Esta geração do Passat, assim que foi lança, recebeu elogios quase unânimes ao seu desenho e qualidade de construção, apenas depreciado pela escolha de alguns plásticos que recorriam a uma superfície denominada de rubber touch, e que com o tempo tendia a descascar. Isso vemos com facilidade nos sobreviventes que estão pelas ruas.
Mas não foi para falar dos problemas do seu interior que separamos esta versão para a seção “Classic Cars” do nosso site, mas sim para contar um pouco da motorização mais exclusiva que este modelo recebeu, o W8.
Oito cilindros em W…
O motor de oito cilindros com arquitetura em “W” era montado de maneira longitudinal; a geração B5 do Passat compartilhava a sua plataforma com a do primeiro Audi A4 (identificada também por “B5”), justificando o posicionamento do conjunto mecânico. Tratava-se de um motor de 4.0 litros de capacidade e 275 cv de potência máxima a 6000 rpm, com 37 mkgf de torque máximo, valores até considerados modestos pára um oito cilindros, mesmo naqueles tempos
O projeto do motor W8 usava dois blocos VR4, unidos em ângulo estreito (de 15 graus), com um virabrequim comum. O Passat podia parecer uma escolha improvável para o raro motor W8. Mas medindo apenas 42 x 71 x 68 cm, o W8 cabia perfeitamente no compartimento do motor do carro, que era programado para acomodar até um motor V6.
O VW Passat W8 atingia os 250 km/h de velocidade máxima, e quando equipado com a caixa de câmbio manual de seis velocidades, demorava apenas 6,8 s para acelerar de zero a 100 km/h.
Destacava-se na multidão pelo ronco surpreendente, e recorria ao sistema de tração integral 4Motion; a sua dinâmica caracterizava-se mais pela eficiência do que pela diversão. Era como se ele andasse em trilhos…
O preço começava em US$ 40.000, e os modelos Passat W8 vieram de fábrica -além da caixa manual de seis velocidades- com uma transmissão automática Tiptronic de cinco velocidades. Era na época o Volkswagen mais caro já produzido e disputava mercado com sedãs alemães bem mais caros, como Mercedes e BMW, e até mesmo Audi, Usava vidros especiai (térmicos), faróis bi-xenônio e sensores de estacionamento. Por dentro, revestimentos de couro de excelente qualidade, detalhes em madeira, um invejável sistema de som e até telefone.
“O lado exótico da mecânica estendia-se também à dificuldade que os mecânicos enfrentavam para qualquer tipo de manutenção ao deparar com o enorme bloco”.
Mas não deixemos que problemas como deste citado acima prejudiquem a percepção sobre uma das versões mais interessantes de toda a história do Passat, modelo que viu nascer sua primeira geração em 1973, e fez estrondoso sucesso no Brasil, ao fazer a Volkswagen romper com o paradigma do motor “a ar” e tração traseiro, abraçando a modernidade do motor “a água” e tração dianteira.
O fim
Além das dores de cabeça, os custos de manutenção eram exagerados, mas não foram estes os motivos que acabaram com a carreira do W8 em 2004, depois de 11 mil unidades produzidas
Em 2005, com o lançamento da geração B6, veio uma nova plataforma (a PQ46) que colocava o motor na transversal, em vez de longitudinalmente, posicionamento que tornava impossível aplicar o W8. No seu lugar surgiu o Passat R36, que usava o motor 3.6VR6 de 300 cv.
O motor com cilindros em W inicial, criado em 1997 pelo então chefão da Volkswagen, Ferdinand Piëch, era um gigante de 18 cilindros, composta por três bancadas VR6 -de seis cilindros- montados em forma de “W” inclinado. O W18 iria estrear em um conceito da Bugatti, marca que a VW tinha acabado de adquirir, em 1998, mas a intenção prática dessa arquitetura do motor era oferecer alternativas mais compactas e potentes que os motores V6 e V8 tradicionais.
Se fosse produzido hoje, o Passat W8 teria sérios problemas e seria proibido em diversos mercados, já que a VW anunciava emissões de CO2 de 314 g4/km, número alto para a legislação atual em vários mercados.