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BLOG DOS CARUSO: HÁ ALGO DE ESTRANHO NO REINO DA FORD

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Há algo de podre no reino da Ford. Ou, no mínimo, de muito estranho. Vamos aos fatos. Dia 24 de abril, a montadora estava em festa. Comemorou sem muito alarde os 93 anos de operações no Brasil, data em que Henry Ford aprovou a criação da subsidiária brasileira, no distante ano de 1919. Mas o aniversario, por não ser uma data “redonda”, foi ofuscado pela apresentação do novo EcoSport. Uma festa grandiosa em Salvador (BA), ao som da Timbalada de Carlinhos Brown, testemunhada por mais de 100 mil pessoas.

Enre os presentes, Elena Ford, diretora Global de Marketing da empresa e tataraneta de Henry Ford. Fez elogios rasgados ao Brasil e a toda a equipe da Ford instalada aquí. Data tão importante, que no mesmo dia, o novo EcoSport foi mostrado no Salão de Pequim, na China. Muita festa –e merecida- pois o EcoSport é o primeiro carro global da marca desenvolvido no Brasil, um marco para a engenharia brasileira dentro da história do automóvel.

Pois os fogos duraram pouco mais de uma semana, pois veio a ducha de agua fría. A Ford comunicou, de maneira lacônica, que Marcos de Oliveira, presidente da montadora para o Brasil e Mercosul, está se aposentando, depois de 28 anos de serviços prestados e um invejável currículo. Com isso, apenas a Fiat tem um brasileiro em sua direção. Pior: o novo EcoSport, que foi apresentado por Marcos de Oliveira à imprensa por duas vezes, será lançado oficialmente em junho, por um executivo americano, que vai assumir em seu lugar.

Convém lembrar que Marcos tem apenas 52 anos de idade, e nas grandes empresas o farol amarelo só acende para os executivos aos 65 anos. Se foi dele mesmo a decisão de se aposentar –estranhamente no auge da carreira e dos desafíos- não há nada de errado. Mas se foi algo imposto pela marca, então a coisa soa muito estranho. Sob a liderança de Marcos de Oliveira, que assumiu o cargo em fevereiro de 2007, a Ford da América do Sul manteve sua trajetória de lucros e encheu os cofres da matriz, com 33 trimestres seguidos de bons resulltados.

Do meu ponto de vista, a Ford insistiu em alguns produtos envelhecidos, como o Fiesta e o Ka, não trabalhou sua imagen com o Mustang como poderia e pecou muito no marketing. Lembrou o Palmeiras de anos atrás, quando tentou investir no “bom e barato”. Não deu certo. A Ford tentou o “bom e barato” das chamadas “mídias sociais”, que impressiona pelos números altos, mas com resultados diametralmente opostos.

Enfim, a marca perde um executivo de ponta, e torcemos para que a solução também não seja de resultados “bons e baratos”, nem uma ode à desnacionalização da nossa indústria automobilística. Isso não existe, e a Ford, como marca centenária, merece mais.


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