Classic Cars

E o revolucionário Opel GT chegou aos 50 anos

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Há 50 anos a Opel lançava um pequeno esportivo com slogan publicitário bastante ousado: “Nur fliegen ist schöner…” ou “Só voar é melhor…”, em português. Foi um carro que revolucionou a indústria na época. Para comemorar a data, a marca alemã preparou uma série de eventos, que começam em maio com a participação no Salão alemã ode automóveis clássicos “Bodensee-Klassik”.

A trajetória do Opel GT começou no Salão de Frankfurt de 1965: a grande atração do estande da Opel era o Experimental GT, um modelo esportivo de dois lugares, com desenho muito esguio, frente baixa, faróis escamoteáveis, para-lamas salientes e traseira curta, claramente inspirado no Corvette. Até então, nenhum fabricante europeu se atrevera a produzir algo semelhante.

Na verdade, o Experimental GT foi o primeiro concept car apresentado por uma marca alemã. A Opel classificou-o como “um estudo de automóvel de elevado desempenho”. A autoria era de Erhard Schnell e da sua equipe de projetistas, que haviam estreado, poucos meses antes, o novíssimo “Styling Studio” da marca em Rüsselsheim, na Alemanha. Era o primeiro centro de design de um fabricante de automóveis na Europa.

Erhard Schnell  lembra que o desenvolvimento do Experimental GT ocorreu sob grande segredo: “No começo era apenas um projeto de estilo. O meu chefe não tinha dito nada à administração, mas quando se aproximou a conclusão do trabalho, teve de fazer a comunicação. Estávamos apreensivos, porque era a primeira vez que mostrávamos aquela nossa criação tão irreverente. Mas o receio durou pouco porque todos aplaudiram espontaneamente. Ficaram verdadeiramente entusiasmados”.
 

A ousadia foi recompensada no Salão de Frankfurt daquele ano, quando tanto a imprensa especializada como o público renderam-se às linhas do Experimental GT e fizeram grandes elogios ao avanço da Opel. Na verdade, ninguém esperava da parte da marca um modelo esportivo tão radical. A entusiástica recepção foi motivo suficiente para que a passagem à produção recebesse sinal verde. Decorridos seis anos sobre o primeiro esboço e apenas três sobre essa decisão, a primeira unidade Opel GT saiu da linha de montagem: estávamos em 1968.

O Opel GT Aero, targa.

Friedhelm Engler, atual Diretor de Desenho Exterior na Opel, considera a iniciativa dos seus antigos colegas “muito arrojada. Foi quase uma molecagem propor um protótipo com motor dianteiro-central, inspirado no Kadett B. Em vez de trabalharem numa roupagem  nova aproveitando uma mecânica de produção em massa, tiveram a coragem de fazer algo totalmente radical, um verdadeiro Gran Turismo. E o resultado é História”.

O Opel GT é um dos primeiros exemplos de colaboração franco-alemã na área. Na sequência de outros projetos em conjunto, a Opel encarregou os produtores franceses de carrocerias Chausson e Brissoneau & Lotz das operações de prensagem, solda e pintura, bem como da montagem do interior do GT. As unidades eram depois enviadas para a Alemanha para montagem final, em especial dos componentes de chassi e do conjunto motor/transmissão.

O Opel GT oferecia dois motores: o mais acessível 1.1 vinha do Kadett e tinha 60 cv de potência. O outro era o mais potente 1.9 com 90 cv, do Rekord. O GT 1900 ganhou rapidamente grande popularidade graças ao bom desempenho para a época, como a velocidade máxima de 185 km/h e a aceleração de zero a 100 km/h em 11,5 segundos.

A transmissão para rodas traseiras era feita por meio de uma caixa de câmbio manual de quatro velocidades. Na Europa, poucos clientes encomendaram a caixa automática de três velocidades, que era mais requisitada do outro lado do Atlântico, para onde a Opel também exportou o GT.

 

O formato do GT de produção era consideravelmente diferente do do protótipo de 1965, tendo aparência ainda mais agressiva. A frente surgia mais larga e a projeção dianteira era mais curta. A protuberância no capô para acomodar os componentes do sistema de alimentação do motor permitiu manter a linha muito baixa da tampa. Mas os recortes retangulares dos faróis do protótipo foram substituídos por molduras arredondadas, que contribuíam para dar ao GT aparência ainda mais original.

A carroceria muito baixa e as linhas do Opel GT tiveram em conta o desempenho aerodinâmico e a alta velocidade possíveis nas estradas alemãs. Mas esse desenho, que tornava o modelo tão especial, de repente tornou-se um problema”: o GT logo teve que se expor, porque não havia camuflagem que escondesse a sua existência durante os habituais testes de estrada da fase pré-produção…

Tal como o exterior, o habitáculo do Opel GT era muito avançado para a época: destacavam-se de imediato os bancos tipo “concha”, o volante de três raios e os mostradores redondos. Ainda hoje, o ambiente e a ergonomia de carro esportivo deste Opel não deixa ninguém indiferente.

Contudo, apesar da emoção natural proporcionada pelo GT, os desenhistas não deixaram de lado os mais avançados sistemas de segurança da época, como cintos de segurança de três apoios, estrutura de teto reforçada, proteção contra batidas laterais e coluna de direção telescópica.

 

Com baixo centro de gravidade, estrutura rígida e suspensão evoluída, o GT era um automóvel ideal para corridas onde, entre muitos sucessos, contam-se as vitórias obtidas pelos Opel GT preparados pela escuderia italiana Conrero (imagem acima) em provas de longa distância, no início dos anos 1970.

Em 1971, Georg von Opel, neto do fundador da Opel, decidiu criar o Elektro, uma versão do GT com motorização elétrica, capaz de atingir velocidade máxima de 190 km/h, vindo a estabelecer vários recordes mundiais. Em junho de 1972, a Opel construiu um GT com motor Diesel, que registrou dois recordes mundiais e 18 recordes internacionais em provas realizadas no centro de testes da Opel em Dudenhofen. Um desses impressionou: velocidade de 197 km/h atingida em apenas 1000 metros, algo então inédito para um motor a diesel.

O desenhista do GT, Erhard Schnell, recorda como este GT a diesel tinha a silhueta ainda mais baixa: “Não tínhamos orçamento ilimitado, por isso decidimos pegar um dos protótipos de estudo para um conversível e cortamos o para-brisas…”.

Em 1969, no Salão de Frankfurt, a Opel apresentou o protótipo Aero GT, targa com vidro com traseiro que baixava eletricamente. Por mais que este fosse um modelo de sonho para os adeptos dos conversíveis, o projeto não passou da fase de estudo.

O Opel GT esteve em produção até 1973, excedendo todas as expetativas e alcançando o total de 103.463 unidades em apenas cinco anos. Bem poucas chegaram ao Brasil. O radical Opel GT teve clientes apaixonados em grande número na Europa e nos Estados Unidos. 


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