Classic Cars

Typ 34, o “Patinho Feio” da Karmann-Ghia

Compartilhe!

Para os brasileiros, quando se fala em Karmann-Ghia a primeira lembrança que vem é aquela dos belíssimos cupês e raros conversíveis que a Volkswagen fabricou aqui entre 1962 e 1971. Uns poucos vão lembrar também dos reboques da marca. Mas existiu um outro carro da Karmann-Ghia, praticamente desconhecido por aqui: o Typ 34 (modelo 34, em alemão), que foi o modelo mais caro que a VW vendeu nos anos 1960.

a11

O Typ 34 foi comercializado na Europa entre 1962 e 1969, curiosamente ao mesmo tempo em que o Karmann-Ghia original. Esse carro foi desenhado pela Carrozzeria Ghia, estúdio da Itália, e construído pela alemã Wilhelm Karmann Coachwerks.

a8 a7 a6 a5 a2 a1 a9

A idéia de fazer um Karmann-Ghia de linhas mais modernas não veio do envelhecimento carro original. Tudo começou no final dos anos 1950, por conta da impossibilidade do Fusca agradar a um público mais exigente, que buscava mais conforto e espaço. A Volkswagen alemã tomou então a decisão de criar uma nova linha de carros médios, batizada de Typ 3. Tinha um sedã (ou notchback), o fastback e a wagon ( squareback); foram os carros que no Brasil deram origem aos 1600 quatro portas (Zé do Caixão), TL e Variant.

SEM NOME

Como o Karmann-Ghia não teve um nome próprio, a exemplo do modelo clássico, acabou recebendo apelidos em diversos mercados:  Grosse (“grande”) Karmann-Ghia na Alemanha; Razor Edge (algo como “cortado na navalha”) Ghia entre os britânicos e Type 3 Ghia nos Estados Unidos, onde não foi vendido em quantidade, pois o câmbio dólar-marco na época o deixava muito caro. Poucas unidades chegaram ao Brasil.

 Voltando aos três projetos da VW, acabou sendo quase natural que da nova plataforma fosse feito um novo Karmann-Ghia, também cupê e conversível. Em 1958 o estúdio Ghia já trabalhava em seu desenho, com três estudos elaborados por Sergio Sartorelli. Um deles foi o aprovado pela VW. No final de 1959 o primeiro protótipo foi finalizado e, já no Salão de Frankfurt de 1961, a Karmann       apresentou o novo Karmann-Ghia, ao mesmo tempo em que a linha 1500 da Volkswagen, com os três carros (hatch, notchback e wagon) também foi lançada.

 A produção do novo esportivo começou para valer em março de 1962, mas apenas com a carroceria cupê, pois o conversível não foi aprovado no quesito “rigidez estrutural”. Para a época, Sartorelli havia chegado a um desenho bem agradável, mas sem conseguir ser tão bonito quanto o anterior, um clássico difícil de ser igualado ou superado. Na frente, linhas bem definidas e faróis de neblina; visto de lado, a longa tampa traseira do motor chamava a atenção, enquanto a traseira lembrava a do  Chevrolet Corvair.

MOTOR 1500

O interior era acanhado, e a área envidraçada grande. O habitáculo tinha bancos dianteiros reclináveis (um luxo para a época),       revestimentos de tecido ou curvim, painel com três instrumentos grandes e um generoso volante.

Como no anterior, o banco traseiro acomodava apenas duas crianças e podia ser rebatido para acomodar alguma bagagem no compartimento atrás dele. Existia como opcional o teto solar de aço com comando elétrico, outro raro luxo na época. Rádio Bosch Blaupunkt, pneus com faixa branca e pintura em dois tons também estavam disponíveis na lista de opcionais.

A mecânica do Typ 34 era a mesma da linha VW Typ 3, com o motor de ventoinha baixa (chamado de motor plano), que permitia um pouco mais de espaço para bagagem. Esse motor era o tradicional boxer de 1.493 cm³, com 53 cv de potência máxima a 4.000 rpm e torque máximo de 11 mkgf a 2.800 rpm. O câmbio era manual de quatro marchas e a suspensão era por feixes de torção na frente e barras de torção atrás.

EVOLUÇÃO

Durante os sete anos em que foi fabricado, pouca coisa mudou no Typ 34. O carro de 1962 tinha emblema Karmann na frente, que em 1963 foi trocado pelo da VW. Em 1964 o motor recebeu dupla carburação e novos comandos de ventilação; em 1965 o velocímetro ficou maior.

Para 1966, boas novidades: motor 1600, freios dianteiros a disco e       rodas com quatro parafusos no lugar de cinco. Com 1.584 cm³,       passou para 65 cv e 12 mkgf, suficientes para leva-lo à velocidade máxima de 135 km/h. Depois disso, a única mudança foi nas lanternas traseiras, com lentes maiores em 1969.

a4

Pode ser pelo desenho que não se tornou clássico, pode ser pelo preço alto, que era equivalente ao do Porsche 356. A verdade é que o Typ 34 não repetiu o sucesso do primeiro Karmann-Ghia, que durou mais cinco anos. Até junho de 1969, quando deixou de ser fabricado, foram vendidas 42.510 unidades do Typ 34. O modelo original teve 420 mil unidades fabricadas e só saiu de linha em 1974.

 


Compartilhe!