Alpine A610: esportivo, francês e incompreendido
A marca francesa Alpine está comemorando 60 anos, mas já não produz carros esportivos ou de competição, como fez de 1955 até 1973, quando foi adquirida pela Renault. É uma pena, pois ela criou vários automóveis esportivos com muita personalidade, como o A108, por exemplo, conhecido no Brasil como Interlagos. Sem contar as vitórias nas pistas, em especial Le Mans e provas de rali.
Mas os seus automóveis de rua também tinham características interessantes e únicas, assim como qualidade de construção e detalhes que os tornavam desejáveis. Um desses modelos de sonho é o Alpine A610, esportivo com motor colocado na traseira, configuração interna estilo cupê 2+2, tração traseira e faróis escamoteáveis.
Lançado em 1991, quando a Alpine já se encontrava em situação financeira desastrosa, o A610 era muito parecido com o seu antecessor, o GTA, ou seja não se diferenciava drasticamente do desenho anterior, ainda que tivesse os faróis que o GTA nunca teve.
Mas se nesta área especifica o A610 pouco diferenciava do antigo, de resto era um carro bastante diferente, e apenas os vidros eram iguais aos usados no GTA. O conceito era basicamente o mesmo de quase todos os modelos da Alpine, motor traseiro e chassi de aço, algo comum a outros modelos produzidos no passado pela marca.
Quando observamos seu nome, é possível constatar que tinha deixado de se chamar Renault Alpine, porém a ligação com a marca francesa manteve-se, antes como Alpine-Renault e depois como Renault-Alpine, sem que tenha perdido sua identidade neste processo.
O motor turbo V6 PRV (o famoso projeto Peugeot-Renault-Volvo) manteve-se em relação ao GTA, mas foi modificado para ter mais capacidade cúbica, passando de 2.8 para 3.0 litros. Isto permita ao A610 potência máxima superior, em torno dos 250 cv com 35 mkgf de torque.
Com este conjunto motriz, o A610 acelerava de zero a 100 km/h em 5,9 segundos e alcançava a velocidade máxima de 265 km/h. Valores muito interessantes para época, tendo em conta a potência máxima declarada e o seu peso, na ordem dos 1400 kg.
Mas esta não era a versão mais potente do A610, uma vez que a Alpine produzia outra versão, ainda mais potente. Tendo por base o mesmo motor, mas com ligeiras alterações para produzir mais 30 cv e 6,2 mkgf (280 cv e 41 mkgf) este modelo conseguia desempenho ainda mais impressionante. A aceleração de zero a 100 km/h era feita em 5,5 segundos e a velocidade máxima era de 290 km/h. Números que ainda hoje impõem respeito a muitos automóveis esportivos, e que comprovam não só as ótimas capacidades aerodinâmicas (o Cx era de 0,30) do A610, como o potencial e eficiência do conjunto motor-câmbio adotado.
Existiram duas séries especiais e limitadas do A610, uma era a Albertville 92, que foi apresentada em 1991. Teve como objetivo a utilização durante os jogos Olímpicos de 1992 que foram realizados em Barcelona. Dois exemplares deste modelo foram usados para transportar VIPs e depois foram posteriormente vendidos. Foram pintados numa cor especial chamada Gardenia White, mas fora isso as característica eram as mesmas dos A610 normais.
A outra versão especial, conhecida como Magny-Cours, foi criada para homenagear a vitória que a Williams Renault obteve no GP da França de Fórmula 1 de 1991, que foi realizado no circuito de Magny-Cours. Esta versão tinha cores diferentes tanto no exterior como no interior, e foi também produzida em apenas 31 unidades.
É importante destacar que, apesar dos atributos, o A610 não foi um sucesso comercial, e também não conseguiu atingir os objetivos que a marca tinha proposto quando do seu lançamento. Tanto o GTA como o A610 foram um fiasco comercial, e assim o modelo saiu de linha em 1995.
Ainda assim o A610 foi bem recebido e aclamado pelos jornalistas especializados, sempre visto comp um superesportivo com personalidade própria, bom desempenho e fácil de acelerar por conta de seu comportamento previsível.
O A610 foi mesmo o último carro a ser produzido com o nome Alpine, pois depois disso a fábrica onde era produzido passou a ser usada pela Renault para a construção do Renault Spider. E assim se encerrou uma bela história. Hoje a Renault trabalha para recuperar o nome Alpine, como a Fiat fez com a Abarth.