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Piratas do Mar Vermelho afetam a indústria automotiva

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Os ataques no Mar Vermelho a navios de carga por parte dos Houthis, grupo armado do Iêmen, começam a provocar restrições também na produção de automóveis. Há uma rota alternativa para evitar ataques no Mar Vermelho, mas que demora mais tempo, é mais cara e está provocando atrasos na entrega de componentes.

por Marcos Cesar Silva

São vários os construtores que dependem de rotas de navios no Mar Vermelho – Canal do Suez para receberem componentes necessários à fabricação de automóveis, principalmente elétricos. De acordo com dados da S&P Market Intelligence, foi da Ásia que chegaram 67% das importações europeias de componentes para a produção de baterias, isso até 30 de setembro do ano passado. É também do continente Asiático que chegam à Europa mais de 60% das baterias de ions de lítio.

As restrições de passagem no Canal do Suez, a rota marítima mais rápida entre a Ásia e a Europa, estão tendo impacto crescente em escala global: 12% do comércio marítimo mundial em conteiners passa por ali.

A Tesla já anunciou que vai suspender a sua produção deautomóveis de 29 de janeiro a 11 de fevereiro, numa das suas fábricas em Grünheide, Alemanha. A marca americana não divulgou quais os componentes estão em falta, mas esta fábrica depende de baterias importadas da China para a produção do Model Y.

“A Tesla depende muito da China para ter os componentes de baterias, que precisam de ser transportados para a Europa através do Mar Vermelho, o que coloca a produção constantemente em risco”. Sam Fiorani, VP da Autoforecast Solutions.

Apesar de existir uma rota alternativa, contornando o Cabo da Boa Esperança, este trajeto aumenta consideravelmente os custos por ser mais longo, e está provocando, segundo revelou um executivo da Tesla à Reuters, “falhas na nossa cadeia de abastecimento”.

Segundo a empresa de transporte Maersk, a rota alternativa implica mais 10 dias de viagem e aumento de custos na ordem de US$ 1,2 milhões por navio. O volume de carga transportada pela rota mais curta, no Mar Vermelho, está neste momento 65% abaixo do estimado para esta época do ano.

A Tesla não é a única marca que parou de produzir. Também a Volvo vai suspender a produção em Ghent, Bélgica, durante três dias ainda esta semana, onde são fabricados os modelos XC40 e C40. A causa também é o atraso numa entrega de caixas de câmbio.

A Stellantis, por outro lado, já começou a utilizar transporte aéreo para contornar a problemática relacionada com interrupções no tráfego marítimo e consequentes atrasos. Porém, anunciou também que esta solução é “limitada”. Até agora, o Grupo não registou impacto na produção. Já a Volkswagen explicou que está em contato com empresas de transporte marítimo, de forma a evitar “tanto quanto possível” o impacto na produção. O Grupo VW não espera restrições acentuadas na produção.


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